Ricardo RodriguesConselheiro da Abrasel-MG, Diretor do restaurante Maria das Tranças e da Cruz Vermelha, Mentor, Palestrante e Consultor Sebrae

‘Made in Brasil’ também é sucesso

Publicado em 07/10/2022 às 06:00.

Recentemente, em visita a Bento Gonçalves (RS), pude conhecer a ‘Wine South America’ (WSA), maior e principal feira profissional de vinhos da América Latina, que já está em sua terceira edição.  O evento deste ano, o primeiro presencial desde 2019, contou com mais de 7 mil compradores de todas as regiões do Brasil.

Uma das coisas que mais me chamou atenção, por lá, foi a imensa quantidade de produtores nacionais - para ser preciso, mais de 360 marcas brasileiras e internacionais estavam presentes.

Hoje, quero destacar aqui, inclusive, as nossas marcas. Quando se fala de vinhos brasileiros, muitos pensam, obviamente, nas serras gaúchas, que já possuem know-how e crescem, cada vez mais, de forma orgânica, atraindo turistas, inclusive europeus, que vêm ao Sul do Brasil só para degustar as delícias por lá produzidas, em especial do Vale dos Vinhedos, região do Rio Grande Sul com uma rota rural que abrange, além de Bento Gonçalves, outros dois municípios gaúchos: Monte Belo do Sul e Garibaldi.
 

Porém, não podemos esquecer de outros polos tupiniquins igualmente importantes, entre eles o deslumbrante Vale do São Francisco, localizado em grande parte nos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Essa região, com mais de 700 mil habitantes e área com cerca de 35 mil km², tornou-se recentemente o segundo polo vitivinicultor do país, com produção anual de 7 milhões de litros de vinho - 15% da produção nacional, sendo 30% de rótulos finos, premiados nacional e internacionalmente, produzidos nas oito vinícolas instaladas nos municípios pernambucanos de Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista e em Casa Nova, na Bahia.

 Mesmo com toda a qualidade inquestionável das nossas marcas, o custo de muitas delas ainda é bastante elevado em relação às importadas. Por isso, já está mais do que na hora de nossos representantes políticos criarem projetos e lei que viabilizem a redução dos onerosos impostos que sobrecarregam a produção nacional.

O vinho brasileiro não deve mais ser olhado como um mero artigo de luxo, restrito a um tipo específico de público. Ele vem ganhando não só prestígio como também relevância econômica. Prova disso é que, em 2021, a produção por aqui teve crescimento de 60% em relação a 2020, de acordo com levantamento anual da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), com sede na França. 

O volume produzido no ano passado, por sua vez, foi de 3,6 milhões de hectolitros (mhl), o maior registrado no país desde 2008. E os bons índices não param por aí: ainda segundo a OIV, o Brasil teve, também no ano passado, um acréscimo de 0,2% na área de vinhedos em comparação a 2020, com um total de 81 mil hectares plantados com videiras.

Logo, não restam dúvidas: o ‘made in Brasil’ também é sucesso. Só precisa, agora, ser valorizado.

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