Muitos não saem de casa sem o guarda-chuva, principalmente em meses chuvosos como este. O mesmo fenômeno acontece com os aparelhos celulares. Há quem se sinta nu na falta desses dispositivos, que, definitivamente, tornaram-se importantes na era digital.
Como o homem é um animal do hábito, a pandemia nos trouxe mais um deles, extremamente necessário: as máscaras. Nos primeiros meses da crise sanitária, tanto os governos quanto a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) hesitaram sobre o uso deste acessório por temores de que uma corrida por eles deixasse os trabalhadores da linha de frente sem equipamento de proteção suficiente. Mas, à medida em que o mundo aprendeu mais sobre a Covid-19, a incorporação das máscaras em nosso dia a dia tornou-se obrigatória em meados de 2020.
Agora, porém, com o avanço da vacinação e a consequente redução dos índices epidemiológicos Brasil afora, algumas cidades já começam a desobrigar o uso deste equipamento de proteção individual [que, neste contexto de pandemia, protege também o coletivo] em espaços abertos. No fim de outubro, por exemplo, o Rio de Janeiro foi o primeiro município do país a fazer isso. Nessa quarta-feira (17), inclusive, a capital fluminense passou a permitir a permanência de pessoas sem máscara em academias de ginástica e centros de treinamento desde que, obviamente, apresentem o comprovante de vacinação.
A expectativa do governo de Minas, por sua vez, é flexibilizar o uso do acessório no início de dezembro em parques, praças e ruas, quando mais de 70% da população no Estado tiver com o esquema vacinal completo. A decisão sobre essa liberação, caberá, porém, às prefeituras.
Na opinião deste leigo que aqui escreve, a pauta é controversa. Exige cuidado. Temos o exemplo, que não devemos seguir, de países como Israel e Reino Unido que, após avançarem na vacinação e retirarem a obrigatoriedade do uso da máscara, se depararam com um aumento absurdo de contaminações e, por isso, foram obrigados a rever a medida e retomar, inclusive, restrições de circulação para conter o vírus.
Os infectologistas que auxiliam a Prefeitura de Belo Horizonte na gestão da pandemia defendem que a suspensão deste acessório vital, mesmo em locais abertos, ainda é uma medida precoce. Para que isso ocorra é necessário que mais de 90% da população tenha sido completamente vacinada, a taxa de transmissão do vírus esteja abaixo de 0,5 e a incidência da doença, menor do que 50 casos diários para 100 mil habitantes.
Diante do exposto, defendo o seguinte ‘argumento’: uma possível liberação do uso do acessório em espaços abertos não deve significar libertinagem. Que possamos, sobretudo, ter consciência sobre nossos atos. Já perdemos demais nessa pandemia. Não podemos, por um deslize bobo, permitir que o atual cenário de controle da Covid-19 regrida.