Ricardo RodriguesConselheiro da Abrasel-MG, Diretor do restaurante Maria das Tranças e da Cruz Vermelha, Mentor, Palestrante e Consultor Sebrae

Nossas raízes

22/12/2021 às 15:58.
Atualizado em 29/12/2021 às 00:36

Uma das marcas de Minas Gerais é a presença das simbólicas mercearias, onde se vende todo o tipo de miudezas, desde ratoeiras à queijos curados, passando pelos produtos à granel. Nelas, inclusive, ainda existe a velha prática da caderneta do ‘anotar fiado’, em que o próprio freguês define a forma e o dia no qual irá pagar pelos produtos comprados. Esses estabelecimentos, geralmente, são familiares. Passaram de pai para os filhos, dos filhos para os netos e, mesmo com toda a modernidade imposta pelo avanço das grandes redes de supermercado, compras online e dos pagamentos digitais via PIX, felizmente persistem e retratam um aspecto singular da nossa cultura.

Em Itabirito, na região metropolitana, por exemplo, temos a clássica Mercearia Paraopeba. Situada em frente à Igreja de São Sebastião, ela consegue rechear seu pequeno espaço físico com uma vastidão inacreditável de comes, bebes e apetrechos diversos, como balas, grãos, cereais, queijos, cafés – realmente de tudo um pouco. Um ícone da mineiridade. 

Já em Jaboticatubas, a Venda do Zeca funciona como bar e mercearia há quase 110 anos em um belo casarão. Fundada por Felicíssimo dos Santos Ferreira, já falecido, hoje o local é comandado pelos netos Carlos Santos Nogueira e Marcos Santos Nogueira. Todo tipo de interesse chega ao balcão: Botina, xampu, naftalina e canivete constam na lista de produtos comercializados. Além de moradores da região, turistas frequentam bastante a venda, especialmente em busca da fartura de cachoeiras na região da Serra do Cipó.

Belo Horizonte, nossa ‘roça grande’, também tem seus achados. No bairro Aparecida, o Armazém do Zé Totó é dos mais conhecidos. Com ele é possível comprar ovos, tiras de chinelos e biscoitos. Velas, desentupidor de pia e uma porção de queijo com mortadela também estão de prontidão para qualquer necessidade. 

O jornalista gastronômico Daniel Neto, o Nenel, do perfil Baixa Gastronomia no Instagram, foi responsável, inclusive, no mês passado, pela curadoria do projeto ‘Mercearias de Beagá – Circuito Histórico’, que celebra cinco casas, em quatro regionais da capital mineiras. A iniciativa registrou em vídeos e fotografias, as histórias e os cenários destes estabelecimentos que resistem ao tempo há mais de 40 anos.  Além do Armazém do Zé Totó, foram lembrados pelo projeto a Mercearia do Chico, Pérola do Atlântico, Bar e Café Cristal e Zé Correia. 

Obviamente nesta imensidão de Minas, com seus 853 municípios, existe uma infinidade de outros estabelecimentos desse tipo. Hoje reservo o espaço nesta coluna para lembrá-los e homenageá-los. Assim como os sabores que vêm dos nossos fogões, as vendinhas mineiras são ícones preciosos da nossa identidade. Você já visitou algumas delas? Vale muito a pena valorizar aquilo que é genuinamente nosso, nossas raízes!

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