Ricardo RodriguesConselheiro da Abrasel-MG, Diretor do restaurante Maria das Tranças e da Cruz Vermelha, Mentor, Palestrante e Consultor Sebrae

Saudade do que a gente já viveu

Publicado em 18/02/2022 às 06:30.

Estamos a uma semana de uma das maiores festas populares do Brasil, o Carnaval. Especialmente para nós, belo-horizontinos, a data ganhou um significado especial em nosso calendário nos últimos cinco anos, desde que assistimos um renascimento (ou melhor) o nascimento da folia na capital mineira. Só em 2020 ela arrastou quase 4,5 milhões de foliões em 390 desfiles e trouxe um incremento de R$ 100 milhões para o comércio do município.

Só que aí, como todos já sabem, veio a pandemia logo após o fechar dos cortejos de 2020, causando um longo e necessário hiato com a interrupção da festa. No ano passado, por exemplo, a cadeia produtiva do Carnaval deixou de arrecadar R$ 4 bilhões, no período, no país, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Somente Minas Gerais perdeu R$ 400 milhões devido ao cancelamento da folia, conforme o levantamento da CNC.

A expectativa, com a ampliação da vacinação, era de que as cores e a alegria pudessem novamente tomar as ruas neste fevereiro de 2022. Porém, como num enredo capcioso de novela, eis que a Ômicron aparece no caminho e afasta qualquer possibilidade de felicidade. Festas e desfiles de blocos foram cancelados. O sabor amargo de mais um ano sem turismo na cidade, com a economia severamente impactada, foi, novamente, difícil de digerir.

Para completar a ‘cereja do bolo’, a prefeitura anunciou no final de 2021 que não daria apoio financeiro à festa momesca. Mais recentemente ela cancelou o feriado de logo mais e orientou todo o comércio a funcionar normalmente, tal como em dias úteis.

Agora, há exatos sete dias do Carnaval, setores da economia divergem quanto à abertura nos dias de ‘folia’, bares e restaurantes seguem sem saber se buscam estruturação para dar conta de um possível aumento da demanda, e se, de fato, eventos particulares poderão ser realizados e em quais condições poderão ser realizados, entre tantas outras questões.

Detalhe importante a ser dito e enfatizado: agora, faltando pouco para a festa (se ela realmente fosse acontecer), os índices epidemiológicos da Covid-19 na capital têm voltado ao patamar de controle. O RT, por exemplo, que mede a taxa de transmissão da doença, chegou a 0,83 nessa quinta-feira (17). A taxa de ocupação dos leitos de terapia intensiva, por sua vez, saiu do estado crítico e voltou ficar abaixo de 70% após 38 dias: ontem estava em 69,2%. 

O cenário aponta para uma melhora. Mas é uma pena que este cenário não favorece ‘o agora’. Já não dá mais tempo para articular ou mobilizar a cadeia produtiva do Carnaval em prol de uma festa a altura do evento.

A minha esperança é que em 2023 consigamos, de fato, retomá-lo com a mesma pujança dos anos anteriores.  Enquanto isso, só me resta um misto de saudade, dúvidas e incertezas...

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