Ricardo RodriguesConselheiro da Abrasel-MG, Diretor do restaurante Maria das Tranças e da Cruz Vermelha, Mentor, Palestrante e Consultor Sebrae

Um futuro sem máscaras poderá ser planejado?

04/03/2022 às 11:53.
Atualizado em 04/03/2022 às 11:54

A Abrasel-MG fez essa semana duas pesquisas com seus associados para verificar a percepção deles sobre o faturamento do Carnaval desse ano em comparação aos dois últimos (2020 e 21). Na primeira, 58% acreditam que as receitas nos dias de festejos de 2022 foram piores que em 2020, enquanto que, na segunda enquete, a festa atual foi pior que a de 2021, em termos de arrecadação, para 35% dos respondentes.

Fazendo um comparativo, é possível perceber, nitidamente, o quanto estávamos vivenciando, em 2020, um momento de ascensão do Carnaval belo-horizontino. Prova disso é que os volumes de venda gerados por ele, obviamente, não se repetiram ou sequer foram superados após a pandemia.

Pois bem: motivada pela queda dos índices epidemiológicos que monitoram o avanço do coronavírus na capital mineira, a Prefeitura de BH pôs fim à obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre nessa quinta-feira (3), um dia após a quarta de Cinzas. Aonde quero chegar com essa comparação: será que valeu a pena perdermos alguns milhões de reais em faturamento esse ano com o cancelamento do Carnaval?

Vale lembrar, inclusive, que os cortejos da grande maioria dos blocos e megablocos da cidade ocorreriam ao ar livre.

Os números do coronavírus da cidade, por sinal, começaram a cair desde meados de fevereiro, mostrando um claro indício de que, à medida em que a vacina avança, agora até mesmo entre as crianças, o vírus parece perder força. Portanto, se a liberação dos protetores faciais tivesse acontecido na semana passada, por exemplo, teríamos tido, quem sabe, uma festa momesca mais pujante, claro que ainda com restrições, mas ainda sim melhor do que a que tivemos nos últimos dois anos?

Mas, como não dá para chorar sobre o leite derramado, ou melhor, sobre as purpurinas que deixaram de cair no asfalto, será que agora, com a liberação do acessório que faz parte da nossa rotina há quase dois anos, já podemos fazer nossos planos e costurar as fantasias para as festas juninas de logo mais? Elas não movimentam a economia tal como o Carnaval, mas são sim um importante gerador de rendas para o município.

Será que também poderemos, quem sabe, pensar em um Carnaval fora de época, como vem planejando outras capitais, cuja tradição carnavalesca é tão antiga e sólida como a nossa ou, até mesmo, nos ensaios para os blocos de 2023?

Que fique bem claro: não sou contra a ciência e entendo não só o papel salvador da informação como também tudo o que foi feito para prevenir a sociedade de um colapso sanitário ainda maior, entretanto, compreendo também que falhas estratégicas nesse longo percurso prejudicaram e afetaram toda uma cadeia produtiva da economia. Falhas essas que jamais serão reparadas mas, sobretudo, não podem ser repetidas.

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