Aqui é Galo!Paulo Henrique Silva é jornalista do caderno Almanaque e escreve sobre o Atlético

AC/DC: ANTES E DEPOIS DE UM CLÁSSICO

Publicado em 26/03/2016 às 14:17.Atualizado em 16/11/2021 às 02:39.

Uilson não é meu parente, quero deixar claro. Tenho em Victor um santo e serei sempre agradecido a Giovanni, que aceitou ficar no banco de reservas quando havia a oportunidade de ir para outro clube, em 2012. Pode parecer loucura, mas estou excitado com o que vem acontecendo na meta do Atlético nos últimos dias.

Acostumado aos filmes de suspense, confesso que não vejo a hora de conhecer os seus desdobramentos, após os dois principais goleiros do Galo se machucarem. Uilson surge como aquele personagem humilde e determinado que, em Hollywood, recebe a grande chance de sua vida para mostrar o seu valor. E não a desperdiça.

Os Estados Unidos são a terra das oportunidades, bastando agarrá-las quando elas repentinamente surgem. O americano, assim parece, vive para usufruir desse momento único. No Brasil, ao contrário, aprendemos a ter medo, a não querer mudar por estar acostumado a uma determinada situação. Qualquer alteração pode ser um mau presságio.

No Galo, então, se levássemos a sério esses temores, era melhor pedir ao Kalil para desligar a energia do Independência. Como o clássico contra o Cruzeiro será pela manhã, só um eclipse poderia ajudar o clube alvinegro. Principalmente porque, se olharmos para o banco, vamos encontrar um goleiro reserva do qual nunca tínhamos ouvido falar.

Um grandalhão chamado Thiago, o terceiro na linha sucessória da equipe júnior. Talvez, em condições normais, nunca teria uma chance como essa, de participar de um clássico, abandonando, quem sabe, a carreira para lembrar, 30 anos depois, que um dia treinou ao lado de Robinho e Victor, exibindo a camisa autografada pelos ídolos atleticanos.

Quis o destino, só pode ser ele, que outros três goleiros, além de Victor e Giovanni, estivessem também machucados. Algo inimaginável para quem viu o número 1 atuar em todas as partidas de 2015, como um super-herói indestrutível. Mas até esses têm um lado vulnerável, um calcanhar de Aquiles, uma Dalila, uma kryptonita.

Se tudo der certo (do ponto de vista dos roteiristas americanos), Uilson precisará sair de campo e Thiago entrar, para ser consagrado, mudando sua vida para sempre ao entrar para o rol dos grandes nomes de um confronto quase centenário. Quem é esse Thiago? Foi a pergunta que todo o atleticano se fez durante a semana.

E já que estamos falando de Hollywood, gostaria de ser o Homem Invisível para ver o que Uilson e Thiago estão fazendo agora. Se tivesse uma câmera, iria correndo para a casa deles e mostraria cada passo dado antes do dia D – ansiedade, foco e aquele brilho nos olhos de quem realizará defesas incríveis e botará seu nome na história.

Se o Atlético perder, por uma falha de um dos dois, será um golpe de azar apenas. Mas prefiro acreditar que, para ser campeão, o Atlético sempre precisa superar as mais espinhosas adversidades, o que transforma cada campanha num épico. E nada mais apropriado que um Thiago, que, em hebraico, quer dizer aquele que suplanta.

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