Aqui é Galo!Paulo Henrique Silva é jornalista do caderno Almanaque e escreve sobre o Atlético

Aqui não há mais azar!

Talvez tenha subestimado os roteiristas ao esperar um herói jovem, que superaria a falta de experiência com força de vontade, provando estar pronto para assumir responsabilidades da pior maneira possível, quando é confrontado com algo maior do que poderia esperar. Como um Rocky Balboa enfrentando de igual para igual Apollo Creed, o campeão mundial de boxe, no filme que revelou Sylvester Stallone.

02/04/2016 às 10:17.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:45

Talvez tenha subestimado os roteiristas ao esperar um herói jovem, que superaria a falta de experiência com força de vontade, provando estar pronto para assumir responsabilidades da pior maneira possível, quando é confrontado com algo maior do que poderia esperar. Como um Rocky Balboa enfrentando de igual para igual Apollo Creed, o campeão mundial de boxe, no filme que revelou Sylvester Stallone.

O que vimos foi um desses filmes realistas, em que o destino não poupa um erro sequer. Conversando com Cuca e os jogadores da campanha da Libertadores de 2013, para a produção de meu livro “O Nosso Time é Imortal”, tentei extrair mais do que apoio ao projeto, mas também a poção mágica que levou aquele grupo a se sobressair, desfazendo-se das situações mais indigestas e tornando tudo um grande milagre.

Esses deuses da bola estão afastados dos campos ou mostrando seu futebol em lugares longínquos, falando uma língua completamente diferente (chinês, ucraniano ou paulistanês). “Não há glória sem sacrifício”, li na batata da perna do zagueiro Thiago, após o clássico, quando dava entrevista próximo ao vestiário. Mas os jogadores parecem se esforçar ao máximo em campo, com a bola insistindo em não entrar.

Que tipo de sacrifício seria esse? O de Abel, que prometeu dar o rebanho para provar seu amor ao Todo Poderoso? Perdemos Victor, Giovanni, Dátolo e até Patric, que parecia onipresente no time de Diego Aguirre, surgindo de onde menos se espera. Na Bíblia diz que um dos sacrifícios que mais agradam é quando repartimos com os outros, algo que Diego Aguirre não se cansa de fazer, botando todos para jogar.

O Atlético estaria, assim, blindado de todas as formas de inveja, ciúme e desavenças, pragas que costumam levar os melhores times à zona de rebaixamento. Aguirre é humilde ao falar. Protege a sua “família”. O que estaria faltando? Gostaria de dizer, como em “O Exterminador do Futuro”, “que não há destino que não possas fazer”, mas o medo do atleticano é ter um time forte, mas sem aquele perfil vencedor.

E como a palavra sacrifício parece estar eternamente ligada ao Galo, até mesmo na panturrilha de seus atletas, recorro mais uma vez a Rocky Balboa, o lutador franzino que derrubou Apollo após quase virar um saco de pancadas. É dele a frase “Não se trata de quão forte pode bater; se trata de quão forte pode ser atingido e continuar seguindo em frente. É assim que a vitória é conquistada”.

E se pensamos que um título é uma luta de 12 rounds, esperamos aquele jeb direto no queixo nos minutos finais, como já aconteceu com o Atlético em seus grandes momentos. Como o gol de Léo Silva, aos 41 minutos do segundo tempo, na decisão da Libertadores. Naquele mesmo dia, Cuca, emocionado, bradou que aqui não há mais azar. A bola que Uilson rebateu pode ser, na frente, a que renderá, quem sabe, mais um título.

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