Aqui é Galo!Paulo Henrique Silva é jornalista do caderno Almanaque e escreve sobre o Atlético

Burro com sorte 2

06/05/2016 às 23:29.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:19

A julgar pelos ânimos da torcida, temos outro “burro com sorte” no Atlético. Bastante criticado pela formação do time no primeiro jogo contra o América, pela decisão do Mineiro, Diego Aguirre saiu momentaneamente do inferno para ganhar os céus após a classificação para as quartas de final da Libertadores.

No espaço de poucos dias, recebeu a condenação de todos por botar em campo Hyuri e Patric, que vinham de contusão e estavam visivelmente sem ritmo de jogo, e depois foi elogiado ao surpreender o adversário com a entrada de Carlos, que também tinha passado pelo DM e abriu o caminho para a vitória diante do Racing.

Confesso que havia me impressionado com a reação do treinador uruguaio, durante uma entrevista coletiva, se não me engano após a partida contra a URT, quando também foi chamado de “burro” pela Massa ao postergar a entrada de Cazares. Sempre calmo, medindo as palavras, Aguirre afirmou que iria transformar as críticas em elogios.

Juntando com as palavras ditas na última quarta, ao deixar entender que seus comandados viram leões no instante em que estão diante de uma partida decisiva, temos aí um time bastante próximo ao de 2013, altamente competitivo, simbolizado por Luan, agora fora de combate, e por Lucas Pratto, incansável durante 90 minutos.

São como aquelas crianças superdotadas que, forçadas a seguir o desenvolvimento médio da sala, acabam se desinteressando, não fazendo o dever de casa e tirando notas baixas. A grande final de amanhã, contra o América, poderá confirmar isso, com um resultado positivo deixando claro a “cara” que Aguirre deu a esse grupo.

A língua pode ser diferente, por mais que ele tente se esforçar no português, mas a verdade que Aguirre e Atlético têm muito em comum. Gostam de sofrer um bocado e depois serem chamados de heróis. Foi assim quando ele se tornou campeão uruguaio, com o Peñarol, e gaúcho, pelo Internacional, no ano passado.

Em todos os casos, ele venceu na hora certa, quando “estava valendo”, para lembrar uma frase de Ronaldinho, após o Galo despachar o São Paulo na Libertadores de 2013 – o alvinegro havia perdido no Morumbi, no último jogo da fase de grupos, já classificado, mas não perdoou os paulistas nos confrontos de oitavas-de-final.

Por sinal, coincidentemente, as duas equipes voltam a se enfrentar num mata-mata, pelas quartas de final. São os dois sobreviventes brasileiros em disputa. Há três anos, o Corinthians também havia caído nas oitavas, após ser o primeiro de seu grupo. Perdeu para o Boca Juniors. Agora foi eliminado pelo Nacional, com um pênalti perdido por André.

Enquanto os atleticanos comemoravam a vitória suada sobre o Racing, também vibravam por André, que deixou de fazer o gol que daria a classificação ao Timão. O atual campeão brasileiro, convenhamos, virou uma espécie de sucursal do Atlético, levando André, Giovanni Augusto e Guilherme, três jogadores que deixaram o Galo pela porta dos fundos.

Clayton deve estar aliviado, após recusar proposta do Corinthians e optar pelos mineiros nessa temporada. Apesar de não estar jogando muito, já garantiu uma final de estadual e foi mais longe na Libertadores. Embora não tenha calibrado a pontaria, é pé quente nos regionais, nunca perdendo uma final catarinense. Tomara que continue assim.

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