Aqui é Galo!Paulo Henrique Silva é jornalista do caderno Almanaque e escreve sobre o Atlético

Castelão de areia

Publicado em 19/04/2018 às 18:26.Atualizado em 03/11/2021 às 02:26.
 (Bruno Cantini/Atlético/divulgação)
(Bruno Cantini/Atlético/divulgação)
blanco
 
Apesar de parecer que eu estava imitando o Cebolinha, dizendo o nome de Blanco repetidamente, o volante – uma mistura de força pitbull de Pierre com chutes de longa distância ao estilo de Rafael Carioca – foi a única coisa certa do expressinho atleticano após o desastroso primeiro tempo contra o modesto Ferroviário.
 
Sou do tempo que expressinho poderia significar um título da Conmebol, conquistado por jovens reservas talentosos do São Paulo em 1994. Nomes como Rogério Ceni, Denilson e Juninho Paulista se forjaram neste time B comandado por Muricy Ramalho. Já o Galo parecia completamente fora de linha na noite de quarta-feira.
 
Como pai, para dar bom exemplo, não deixei que meu filho percebesse a aflição. Mas a verdade que, antes do intervalo, já previa um descarrilhamento no trecho de Lucas Cândido e Felipe Santana. Não parava de pensar que a larga vantagem conquistada no confronto anterior estava se desfazendo como castelos de areia.
 
Lembrei de um dos meus traumas de adolescência, quando chamei alguns colegas de rua para enfrentar um time do colégio Frederico Ozanan. Todos bons de bola, mas diante da organização tática e velocidade do adversário, viramos presas fáceis. Em minha contagem, o placar foi de 28 a 3. Mas há quem diga que foi mais elástico.
 
Blanco, ao contrário do que o nome diz, parecia a única coisa viva naquele pálido junta-junta do Galo. Minha filha, fã da Turma da Mônica, achava que eu estava brincando de falar igual ao personagem que troca o R pelo L. Quem dera se tivéssemos em campo um Lógel Guedes, um Elik ou um Alellandlo, soltinhos em campo.
 
O atacante de 19 anos até deu boas assistências, mas compará-lo a Gabriel Jesus, a partir de um jogo tão medíocre, é quase uma heresia diante de um passado recente miraculoso, de glórias que foram construídas nos pés de jogadores que se agigantaram em conquistas como a Libertadores e a Copa do Brasil.
 
Em sua origem latina, espresso quer dizer “espremido”, ótima palavra para definir as últimas duas semanas do Atlético, que conseguiu perder em três competições diferentes e quase foi eliminado em outra. O que vimos em 10 dias foi uma laranja seca que, por mais que se espremesse, não rendeu caldo nenhum.
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