Não condeno Marcelo Oliveira. Muito menos o que se passou durante a temporada de 2016. Os títulos até agora não vieram, mas prefiro lembrar a genialidade de Robinho, de suas jogadas inteligentes e cheias de malícia, tão em falta no futebol de hoje. Lembrar também o que Cazares, em seus melhores momentos, é capaz de fazer com a bola em poucos segundos.
Há, claro, cenas que preferimos esquecer, como a final do Campeonato Mineiro, e algumas partidas do Campeonato Brasileiro em que o time, principalmente a defesa, deixou muito a desejar. Mas como acabo de passar por um coaching, aprendi que o desenvolvimento de nossa capacidade tem muito a ver com a maneira de olhar as coisas.
Dentro dessa lógica, o que aconteceu nesses onze meses passa a integrar um longo processo de aprendizado, de percepção dos pontos individuais a serem aprimorados a partir, fundamentalmente, de uma mudança de mentalidade. Assim podemos e devemos acreditar que Erazo é, nessa final da Copa do Brasil, o grande zagueiro que esperamos.
Contra o Grêmio, o equatoriano mostrará ser um exímio calculista, cortando a bola após um instantâneo processo matemático envolvendo distância, tempo e força despendida. Gabriel, seu colega de zaga, compensará a inexperiência e a baixa altura com uma entrega jamais vista, bloqueando a entrada à área como um tanque panzer.
Carlos César, se confirmado como titular, repetirá o feito de Michel, que substituiu Marcos Rocha na final da Libertadores de 2013 e não fez feio, transformando-se em algo mais sólido, como um diamante, que ainda hoje é o mais duro encontrado na Natureza. Depois de muito lapidado, quem sabe não é hora de Carlos César ser uma pedra preciosa.
Rocha escalado é como a volta do filho pródigo. Um dos jogadores mais antigos do elenco, o lateral não teve um bom ano, primeiro ao perder seu parceiro de tabelas Luan e, depois, pelas contusões que lhe tiraram de campo. A final de 180 minutos é a sua grande chance de se redimir, exibindo o futebol que já lhe garantiu o posto de melhor lateral do país.
Fábio Santos é um dos jogadores mais regulares do Atlético, sempre concentrado e se entregando a cada lance. Após a convocação para a Seleção, poderá ser a luz que guiará todos os seus companheiros rumo ao título. Como a minha coach disse, buscar relações com quem nos faz bem é fundamental para aumentar a nossa produtividade.
Donizete é o cão de guarda do Galo, sempre exibindo os dentes que quando chegam perto da área, mas, em casa, deve ter muitos filhotes fofinhos. Segundo uma pesquisa, a presença ou a visão desses bichinhos aumenta a concentração e a produtividade. Por via das dúvidas, já enchi o e-mail dele com fotos dos gatinhos da minha filha.
Júnior Urso é pura energia, sempre aparecendo com frequência para concluir jogadas. Tomara que esse fôlego de leão (e não de urso) se redobre, com o camisa 21 aparecendo em todos os lados do campo, como aquele personagem, o agente Smith, de “Matrix”, capaz de manipular o ambiente e se desviar de balas.
Otero, baixinho e voluntarioso como Luan, foi nos conquistando aos poucos. Hoje é imprescindível ao grupo, não só pela qualidade na armação como também no espírito aguerrido. É como yin e yang, exibindo simultaneamente inteligência para criar e força para destruir, o que, no taoísmo, representa equilíbrio e movimento.
Robinho está longe dessas definições: é instinto, molecagem, o futebol como arte e diversão, de quem podemos esperar lances surpreendentes. É a alegria que minha coach tanto valoriza. Ela sempre me pede para treinar no espelho, abrindo um sorriso. O meu espelho poderá ser o Mineirão lotado e um Robinho mais uma vez fazendo a diferença.
Se Robinho é o coração, Luan é o pulmão, responsável por encher de ar as vias atleticanas, oxigenando cada setor com sua paixão pelo clube. Ele representa o primeiro torcedor, aquele que está dentro de campo para cobrar dos demais respeito e dedicação. Basta olhar para Luan para sentirmos em dívida, que podemos doar ainda mais.
Pratto tem se revelado um matador nessa reta final de 2016. Com ele, não tem essa história de entrar frio. Como ficou provado no confronto com o Palmeiras, na semana passada, em que seu primeiro contato com a bola foi deixá-la dentro das redes, ao pisar no gramado é como se tivesse sido ligado instantaneamente à rede elétrica, funcionando a 100%.
E o Victor? Ele é o milagre, o símbolo de que tudo é possível, sentimento que a Massa passou a compartilhar desde 2013, quando o número 1 defendeu um pênalti com a perna, momento que resume toda aquela conquista. Com ele à frente, somos capazes de mover montanhas e fixá-las no caminho do Grêmio, reunindo, além de raça, muita fé para vencer.