Aqui é Galo!Paulo Henrique Silva é jornalista do caderno Almanaque e escreve sobre o Atlético

Maio Amarelo

16/05/2016 às 12:03.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:27

Nos seus dois últimos jogos, o Atlético aderiu de vez ao “Maio Amarelo”, começando pelos dois cartões que tiraram o zagueiro Tiago de campo, na decisão contra o América. Diante do São Paulo, pela Libertadores, sete jogadores foram amarelados, deixando a equipe sem Rafael Carioca e Júnior Urso para a partida de volta.

 O amarelo também está no sinal dado ao técnico Diego Aguirre, que corre o risco de perder o cargo nos próximos dias. Muito por que parece não estar ministrando as aulas de direção corretamente para seus comandados - devagar quando deveriam ser intensos, na disputa do título estadual, e exibindo uma condução perigosa no primeiro confronto com os paulistas.

 O “Maio Amarelo” é um movimento internacional de educação no trânsito, com o objetivo de reduzir acidentes e mortes, mas o que se viu no Morumbi foi um Galo que não se preocupava em “atropelar” seus adversários. Os “carrinhos” foram muitos, criando um grande congestionamento no meio-campo, com a bola raramente chegando em Victor e Dênis.

 O gosto não poderia ter sido mais amargo para o clube mineiro, que, depois de atrapalhar o bom trânsito da bola, foi punido com um gol aos 34 minutos do segundo tempo. Por sinal, avisa-me o Google, que a palavra amarelo vem do baixo-latim hispânico – “amarellus” é um diminutivo de “amarus”, que significa justamente amargo.

  associação pode ter explicação na cor da bile antes de se oxidar, um amarelo-dourado. A bile, como se sabe, tem a função de facilitar a digestão de gorduras, ajudando na absorção dos nutrientes. Meu saudoso amigo Cassiano sempre dizia que o problema estava na cachaça, quando alguém faltava ao trabalho. Morreu no ano passado, de cirrose.

 Hipócrates, considerado o pai da Medicina, inventou uma teoria (chamada, curiosamente, de galênica) em que a bile amarela estaria ligada à raiva, o que explicaria o nervosismo do time, excedendo-se nas faltas e nas reclamações. Até mesmo Robinho, sempre alegre, tanto no futebol como em sua personalidade, recebeu o seu cartão de advertência.

  febre na perna de Cazeres que vem deixando-o fora dos jogos pode muito bem ser originada pelo desequilíbrio humoral, provocada pela alimentação errada. A verdade é o Atlético, apesar de ganhar uma “dieta” no início do ano que o colocaria entre os postulantes a títulos, ainda não absorveu como deveria a qualidade de seus jogadores.

  Apenas Júnior Urso tem surpreendido, marcando os gols que faltam aos atacantes, que deveriam ganhar multa por negligência e imperícia. O preço a ser pago é muito alto, como mostra a nova tabela divulgada pelo Conselho Nacional de Trânsito. Marcos Rocha receberia falta gravíssima, ao não prestar socorro às vítimas.

 O lateral tem deixado uma avenida atrás dele, quando sobe ao ataque, não voltando para recompor a defesa, que fica mais vulnerável às investidas inimigas. Foi nesse setor que o América levantou o caneco estadual, principalmente após Carlos César ser substituído e dar lugar ao zagueiro Edcarlos, no segundo jogo da final.

 Hyuri e companhia poderiam ganhar pontos na carteira por estacionarem no cruzamento, não aproveitando as bolas lançadas na área. Outros seriam “canetados” por transitarem na contramão de direção, no último instante evitando chutar a gol, preferindo o passe infrutífero. Entre os volantes, a infração mais comum seria “forçar a passagem entre veículos”.

 A única falta que o Galo pode cometer é não dar preferência nos cruzamentos. Para chegar ao seu destino final na Libertadores, o alvinegro não poderá pisar no freio, passando em alta velocidade. Das pedaladas de Robinho, ninguém o culpará por crime de responsabilidade e Aguirre continuará no cargo.

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