Na última semana, a cotação do ouro bateu novo recorde histórico, fazendo o valor do metal alcançar uma valorização de 27% desde o início de 2020. Por ser uma reserva de valor, é recorrente que commodity seja mais procurada em tempos de crise econômica, o que não seria diferente na tamanha crise que atravessamos, consequência dos efeitos no novo coronavírus. Apesar dessa alta e do fator proteção, o ouro não é um ativo que eu aposto como investimento e vou explicar o porquê.

O primeiro motivo é que eu não gosto de investir em ouro porque não gosto de aplicar em ativos que não gerem caixa. Imagine que você tenha 10 kg de ouro. Nas melhores condições, fora custos com estocagem e outros riscos que você pode ter com segurança, por exemplo, em 10 anos você ainda terá os mesmo 10 kg de ouro. Mesmo com a possível valorização da sua cotação, não há possibilidade dessa aplicação gerar mais caixa do que gera hoje em dia. De certa forma, considero que operações com commodities não se tratam de um investimento em si, pois não existe fundamento ou valor intrínseco nesses ativos para que gerem renda ao investidor.

Na minha filosofia de investimentos, dou preferência para ativos que deem a possibilidade de geração de mais caixa no futuro do que geram hoje. Prefiro opções de aplicações passivas, ou seja, que oferecem ao investidor uma renda regular como juros e dividendos. É o caso das ações e dos fundos de investimento imobiliário (FIIs) que, além disso, possuem liquidez e permitem escala. 

Uma forma de investir commodities como o ouro que enxergo como vantajosa é o investimento em empresas que produzem-nas. Existem várias empresas que atuam dessa forma, e podemos citar como exemplos . Vale destacar que estamos falando dessas empresas como exemplos do modelo de negócios. Para saber quais delas são um bom investimento ou não, é preciso que o investidor faça uma análise mais profunda.

Como acionista, recomendo apostar em empresas de commodities que são as mais competitivas de seus segmentos, com balanços e valuation sólidos. Como o valor de seus produtos são precificados pelo mercado, esse tipo de análise garante a escolha de ativos interessantes.

O ouro é tido como um dos investimentos mais tradicionais que existem. Por milhares de anos, foi muito valorizado. Atualmente, sua importância mudou e a forma como ainda é tratado não faz sentido, como explica o maior investidor do mundo, Warren Buffett. “(O ouro) é cavado nas terras da África, ou em outro lugar. Então nós o derretemos, cavamos outro buraco, o enterramos novamente e pagamos uma pessoa para ficar em volta guardando-o. Não tem nenhuma utilidade. Qualquer um assistindo isso de Marte estaria coçando a cabeça”, disse Buffett em um discurso na Universidade de Harvard em 1998. Apesar de perene e valioso, na minha visão, não pode ser capaz de gerar riqueza em períodos prolongados de tempo.

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