Tiago ReisInvestidor há mais de 15 anos, fundador e CEO da casa de análise financeira Suno Research.

Por que as empresas recompram suas próprias ações?

27/04/2020 às 18:25.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:22

A recompra de ações, prática muito comum no mercado de capitais dos Estados Unidos, também é tendência entre as empresas brasileira. Cada vez mais, as companhias daqui estão fazendo uso da estratégia para remuneração de investidores. Para se ter uma ideia, no primeiro trimestre deste ano, 26 empresas listadas na B3 anunciaram programas de recompra, contra nove companhias no mesmo período no ano passado. Mas por que tivemos esse aumento tão expressivo? E, afinal de contas, o que faz uma empresa a buscar esses programas?

A recompra de ações nada mais é que a empresa usando seu próprio caixa para ir ao mercado e adquirir suas próprias ações. Ao retornarem para a companhia, geralmente vão para tesouraria, são canceladas ou usadas para bonificar executivos. Além da distribuição de dividendos, ou seja, a partilha dos lucros líquidos aos acionistas, a recompra de ações também é uma forma de remuneração dos acionistas.

Isso acontece porque ao comprar as ações, a empresa reduz o volume de ativos negociados, aumentando, portanto, a participação dos sócios da empresa. A tática geralmente é usada quando a gestão observa que o seus papéis estão subvalorizados no mercado, evento recorrente em recentes quedas da bolsa brasileira em decorrência da crise do novo coronavírus. 

Nos Estados Unidos, alguns analistas criticaram os movimentos de recompra na última década alegando que elas impulsionaram mais a valorização das ações americanas do que o valor efetivamente criado pela companhia. Segundo esses, o capital deveria ser investido em ações como fusões e aquisições, pesquisa, por exemplo, pois trariam novos empregos, inovações e redução de preços. É um ponto a se levar em conta.

Eu, particularmente, observo de forma positiva os programas de recompra, especialmente no Brasil. Historicamente, as empresas brasileiras têm usado da estratégia para lidar com a volatilidade da bolsa local e grandes baixas. Esse comportamento é legítimo, visto que, na maioria das vezes, o desempenho de baixa do mercado local nada tem a ver com o valor intrínseco da empresa em si, mas com uma conjuntura econômica. 

Desde que a ação não comprometa a saúde do caixa da empresa ou sua estrutura de capital, as recompras geram valor para o acionista e valorizam o investidor de longo prazo na empresa. Quando os próprios executivos fazem uma compra de ação, geralmente, é um bom sinal. Afinal, indica que estão apostando no negócio.

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