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O poder da cultura

Publicado em 28/07/2022 às 06:00.

Léo Miranda

Na última semana eu e minha esposa partimos para uma breve estadia de quatro dias na maior cidade do país. Foi a primeira vez que estivemos em São Paulo e além de aproveitar para descansar, decidimos fazer um tour cultural pela capital paulista, um privilégio em um país em que a maioria da população luta para sobreviver e que é privada todos os dias de qualquer alternativa de lazer e cultura.

Como chegamos cedo, aproveitamos para conhecer o recém-reinaugurado Museu da Língua Portuguesa, destruído por um incêndio em 2015. E nossas expectativas foram atendidas pelo acervo que é quase um tributo à diversidade de línguas e linguagens, e claro, principalmente à língua portuguesa. Foram horas apreciando cada detalhe da narrativa construída com cuidado e excelência. Mas o que mais nos chamou a atenção foi a quantidade de crianças que acompanhavam atentamente as explicações lúdicas dos guias do museu, uma preciosidade!

Do museu da Língua Portuguesa partimos para o Museu do Futebol, nas instalações do Pacaembu, um “rolê” bem diferente do museu anterior, mas não menos interessante. A história do futebol contada em detalhes revela um esporte que chegou ao Brasil ao final do século XIX elitista, racista e sexista, mas que com o tempo foi apropriado pelas massas de trabalhadores urbanos pobres, negros e mulheres. Apesar da riqueza de histórias e informações, foi inevitável não notar que a proposta desse museu é menos democrática e mais comercial do que o Museu da Língua Portuguesa.

O auge do nosso roteiro cultural por São Paulo foi sem dúvidas a visita ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e ao Museu da Imigração Japonesa no famoso bairro da Liberdade. No Masp, tivemos a oportunidade de ver e apreciar obras de artistas brasileiros e estrangeiros renomados, como Tarsila do Amaral, Pablo Picasso, Van Gogh e Cândido Portinari. Enquanto eu olhava e refletia sobre a obra “Retirantes” de Portinari, fiquei pensando como a arte é impactante e como ela poderia e deveria ser mais acessível, tanto no seu consumo, quanto na sua produção. Arte de todos os tipos, de todas as origens sociais, urbanas e para todas as idades, cenário bem diferente do desmonte e descaso com a cultura nacional dos últimos anos.

Na educação em nosso país, a arte poderia contribuir para diminuir os impactos dos dois anos de pandemia, pois por meio dela há o contato com a alteridade, com o respeito às diferenças, com a formação do cidadão. Resgata-se através dela elementos fundamentais a socialização, a capacidade de exercer a crítica a realidade social presente e a capacidade de construção de realidades sociais futuras menos desiguais. A arte agrega, ao contrário do que tem se presenciado no Brasil e no mundo, em que o individualismo cresce a passos largos juntamente com a revolução da tecnologia. Seria a arte solução para as principais questões sociais atuais? Ela não é uma panaceia, mas com certeza resgataria o fio de humanidade que anda perdido por aí.

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