EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

O que aprendemos com a morte da rainha

Publicado em 22/09/2022 às 06:00.

Léo Miranda

Muito possivelmente ao ler o título deste texto você inferiu que ele abordaria os elementos mais importantes da vida da falecida monarca britânica Elizabeth II. Nas últimas duas semanas a notícia de sua morte movimentou o planeta, como também o ritual fúnebre cercado de simbolismos e tradições. Toda a atenção mundial se justifica pelo fato histórico em si, afinal todos aqueles que têm menos de 70 anos não tiveram a oportunidade de acompanhar os desdobramentos da morte de uma figura histórica emblemática da monarquia britânica. Mesmo que a rainha de fato não exerça o poder que a ela fora concebido constitucionalmente (de chefe de Estado do Reino Unido e da Irlanda do Norte), ela e sua família sempre cumpriram o papel de símbolo nacional, sem contar que Elizabeth II se notabilizou pela sua capacidade de atravessar momentos históricos turbulentos com bastante carisma, firmeza e simplicidade.

Não há dúvidas de que Elizabeth II, filha do rei George VI, foi marcante na sua postura enquanto pessoa e monarca. Mas o que aprendemos com sua morte? Para além dos valores cultivados pela rainha, amplamente abordados ao longo dos últimos dias de cobertura de seu falecimento, aprendemos o quão importante é conhecer a história e seus desdobramentos. Nos dias que sucederam a partida da rainha, o que mais se viu foram pessoas à procura de informações sobre a Coroa Britânica e sobre o próprio Reino Unido. Nesses momentos as aulas de história e geografia muitas vezes negligenciadas ao longo dos anos de escola se mostraram mais do que nunca necessárias para a compreensão de todo o contexto (e do pretexto também).

Um retorno a elas nos ajuda entender a atuação britânica nas suas ex-colônias e de que maneira os interesses do país se sobrepuseram aos povos colonizados em termos políticos, sociais e econômicos. Na África a expropriação de riquezas, na Austrália e Canadá a subjugação dos povos originários, na América a imposição do domínio político. Não é à toa que até hoje 11 países ainda tenham o monarca britânico como seu chefe de Estado (incluindo Canadá e Austrália). Apesar de todos os fatos históricos tenebrosos, o legado da rainha que partiu não é irrelevante, nem deve ser apagado. O peso da história recai sobre o título e cargo que ocupou, não sobre sua história pessoal, como muitas vezes alimentado pelo discurso de ódio tão comum na era das redes sociais.

O que a morte da rainha nos deixa de aprendizado (em especial para o Brasil)? Conhecer o passado é importante para não repeti-lo no presente, nem no futuro. É também importante para que possamos compreender o papel da educação nesse processo, de como ela é fundamental na construção da identidade de um povo, dos símbolos nacionais e da constituição de sua história, pois um povo que não (re)conhece a sua história não (re)conhece a si mesmo.

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