EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

Qual é a prioridade?

Publicado em 21/05/2021 às 14:20.Atualizado em 05/12/2021 às 04:59.

Léo Miranda

Essa sem sombra de dúvidas é uma pergunta difícil de ser respondida em um país com tantas demandas sociais, econômicas e de infraestrutura como o Brasil. A maior parte delas não tem sido considerada nas políticas que deveriam ser Estado, mas que quase sempre são reflexos do governo da situação. Em um contexto pandêmico como o que vivemos, com mais de 430 mil vítimas por Covid-19, era de esperar que a prioridade fosse a ampla vacinação da população brasileira, sem que para isso tivéssemos que depender de iniciativas isoladas e desorganizadas temporalmente e politicamente. Novamente tratou-se a imunização e a própria condução da saúde pública no país como uma política de governo e não de Estado, só que agora com a perda de milhares de vidas.

Por outro lado, com a economia em frangalhos o socorro não tardou, o que com certeza foi fundamental para diminuir o avanço da pobreza e da fome entre os brasileiros. Contudo, o alongar da negação da necessidade de uma condução séria e responsável no tocante aos rumos da pandemia fez com que esse socorro também não passasse de um lapso de esperança de que dias melhores viriam. É perturbador pensar que caso fossem tomadas as medidas necessárias para o combate a pandemia de forma precoce, não só vidas seriam salvas, mas também milhares de brasileiros não estariam a depender da recuperação econômica, como uma miragem em um deserto de caos. É ainda mais perturbador pensar que a educação brasileira agonize tanto quanto a população. No último dia 11 de maio a reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro anunciou que só há recursos financeiros até o mês de julho. Essa situação não é diferente da maior parte das universidades federais do país, como as mineiras Ufop e UFMG.

O “contingenciamento” de recursos foi justificado como medida necessária para a atender a Lei Orçamentária Anual, ou seja, fechar as contas do orçamento da União. Apesar do recurso semântico, está claro a política de cortes de recursos do ensino superior público, de onde sai a maior parte do conhecimento científico e tecnológico do país, sem contar o papel de inclusão social que essas universidades realizam. E não parou por aí. Logo no dia 13, uma quinta-feira, o jornalista Ancelmo Gois publicou em seu blog a notícia de um quase certo adiamento do Enem 2021 pela falta de verba para a realização da prova. O MEC rapidamente negou a notícia, mas também não confirmou a realização do exame em 2021, ou seja, teremos que aguardar as manobras econômicas (e políticas) para confirmar o principal exame de entrada nas universidades públicas federais do país.

Nos dicionários da língua portuguesa está claro o significado de prioridade: condição do que é primeiro. Não cabe, portanto, o uso do plural, pois que tem prioridades não tem nenhuma prioridade ou como diz o gato-mestre a personagem Alice no filme Alice no País das Maravilhas: “para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve”.

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