EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

Se correr o bicho pega …

07/01/2021 às 15:43.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:52

Marcelo Batista (*)
mbatista@hojeemdia.com.br

No início desta semana, no Twitter, a hashtag #AdiaEnem ficou entre as mais comentados pelos usuários da rede. O coro de muitos estudantes foi reforçado pela UNE e por autoridades políticas como o Deputado Federal Marcelo Freixo, do Psol, que publicou uma peça em apoio ao adiamento nas redes sociais. Polêmica formada, Milton Ribeiro, Ministro da Educação, deu uma declaração afirmando que as provas estão mantidas e que respeitarão todo o protocolo de distanciamento. Uma coisa é fato: até o dia do exame essa discussão vai permanecer, sendo mais um elemento de instabilidade psicológica para os estudantes. 

O ano de 2020 foi muito complexo para quem vai fazer o Enem. A partir de março vários estudantes foram obrigados a conviver com um isolamento social extremamente rigoroso, além da ausência de aulas presenciais, o que foi muito complexo para grande parte dos alunos, especialmente os de escolas públicas. Para piorar, foi necessário discutir sobre a nova data da prova. O então ministro Abraham Weintraub decidiu que colocaria datas diferentes para que o estudante pudesse escolher quando gostaria de fazer o Enem: dezembro, janeiro ou maio. Em votação os estudantes escolheram: maio. O Mec, por outro lado determinou o mês do adiamento: janeiro. Coerente, não? A decisão, apesar de arbitrária, foi acatada pelos estudantes que já se viram “no lucro” de ter pelo menos algum tipo de adiamento para prova mais importante para quem deseja entrar na universidade. 

Mas uma coisa é fato: escolher a data da prova para duas semanas após o réveillon é muito otimismo ou muita inocência. Já sabemos que depois de uma grande exposição ao vírus há um grande aumento nos números em aproximadamente 14 dias, o que daria muito próximo da data da aplicação do primeiro dia de provas. Resultado: além de ter a preocupação com a aglomeração o aluno vai ser preocupar com a exposição ao vírus e com mais 180 questões fechadas  e uma prova de redação. O governo abriu a possibilidade de o aluno que apresentar sintomas da Covid fazer a prova em uma outra data. Mas será que podemos contar com a responsabilidade e a empatia de todos os estudantes? E os alunos assintomáticos que podem fazer o exame?

Por outro lado, há a possibilidade de adiamento, que também parece péssima. Os candidatos já estão desgastados por um 2020 cheio de surpresas e cansados de tanto estudar. Os professores não aguentam mais dar aulas em um calendário enlouquecedor devido à pandemia. E mais: para quando seria o adiamento: para depois da pandemia? Quando a pandemia vai acabar? Em quanto tempo a população estará vacinada? Parece que a solução mesmo vai ser manter a data da prova, mas adotar algumas novas regras para manter a segurança: a partir de agora é proibido tossir; é proibido respirar; é proibido aglomerar na fila antes da prova; é proibido encostar no colega; é proibido tirar a máscara. E já que não dá pra cancelar a pandemia, a regra mais importante: é proibido ter saúde mental.

(*) Marcelo Batista é educador há mais de 15 anos e fundador do canal Aprendi com o Papai, no Youtube.

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