Ronilson Flávio de Souza*
Tal como na medicina, o termo patologia é utilizado na engenharia para caracterizar o estudo de um problema de saúde, só que no caso específico da engenharia civil trata-se da saúde das edificações ou obras de arte, como pontes e viadutos, por exemplo.
O termo frequentemente é utilizado de forma errônea por profissionais da área, que muitas vezes caracterizam as anomalias em uma estrutura como patologia, quando, na verdade, patologia é a ciência que estuda o fenômeno.
O termo patologia é oriundo da soma de duas palavras gregas, Pathos, que quer dizer doença, sofrimento, e Logia, que significa estudo, ciência, ou seja, a “ciência da doença”. Portanto, no caso da anomalia que ocorre nas estruturas o correto seria o termo “manifestações patológicas”.
Não cabe aqui neste artigo entrar em detalhes, porém é importante ressaltar que quase todas as peças de concreto armado estão submetidas em um certo momento a esforços de tração, por isso a importância de se evitar a corrosão da armadura.
As normas brasileiras recomendam diversos procedimentos, tanto em fase de projeto quanto em fase de construção, para proteger a armadura, procedimentos esses que se seguidos pelos envolvidos na construção e projeto evitam a ocorrência precoce desta manifestação patológica.
É importante esclarecer que a corrosão é um fenômeno eletroquímico, em que, de forma bem simplista, na presença de água e oxigênio, o aço tende a voltar a seu estado natural de “ferro”, conhecido como ferrugem.
Este processo da ferrugem tem características expansivas, ou seja, a barra de aço tende a aumentar de volume - digamos que ela tende a engordar dentro do concreto. E é exatamente este fenômeno que causa a fratura da placa que protege a armadura. Apesar de ser um pouco técnico e difícil de entender para quem não é do ramo, para pessoas comuns o importante é saber que este fenômeno só ocorre na presença de água e oxigênio, ou seja, como não há como retirar o oxigênio do ar, resta-nos retirar a água da estrutura.
Manifestações patológicas em armaduras de concreto podem levar ao colapso da estrutura e, tal como na medicina, os diagnósticos da doença em estágios precoces são essenciais para a solução mais barata no tratamento. Se deixar para depois, os custos vão aumentando, e o risco de colapso também.
* Professor de Estruturas de Concreto nas Faculdades Kennedy. Engenheiro Civil Especialista em Estruturas – UFMG. MBA em Construção Civil – FGV.