Ricardo Estanislau Braga*
O saneamento básico é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento social e econômico e sua importância é indiscutível em qualquer nação. Embora o Brasil tenha avançado em várias áreas, a realidade do saneamento básico ainda é alarmante, afetando milhões de brasileiros.
Primeiramente, o saneamento básico é o conjunto de serviços públicos, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto, drenagem de águas pluviais e manejo de resíduos sólidos. Esses serviços são essenciais para garantir a saúde pública. A falta de acesso a água limpa e esgoto tratado está diretamente ligada a doenças como diarreia, cólera e leptospirose, que impactam a qualidade de vida e geram custos altos para o sistema de saúde.
Além das questões de saúde, o saneamento básico também tem um forte impacto econômico no país. Regiões com infraestrutura sanitária inadequada enfrentam desafios significativos no desenvolvimento. A melhoria nas condições de saneamento pode aumentar a produtividade do trabalho, diminuir os gastos com saúde e promover um ambiente mais propício para investimentos.
Outro aspecto importante é a proteção ao meio ambiente. O tratamento adequado de esgoto e a destinação correta de resíduos sólidos são fundamentais para prevenir a poluição de rios, lagos e oceanos. No Brasil, muitos corpos hídricos estão contaminados, o que compromete a biodiversidade e a qualidade da água, impactando tanto a fauna quanto a flora, gerando graves prejuízos ao meio ambiente. Além disso, a preservação dos recursos hídricos é crucial para garantir o abastecimento em um país que enfrenta desafios relacionados à escassez hídrica, especialmente em épocas de seca.
A inclusão social também é um fator relevante. O acesso a serviços de saneamento básico é um direito humano e está diretamente ligado à dignidade das pessoas. Muitas comunidades vulneráveis vivem em condições precárias, sem acesso a serviços essenciais. O Brasil está entre os países mais desiguais do mundo. É isso o que aponta estudos de grande relevância publicados recentemente, como o Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022, desenvolvido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), e o World Inequality Report 2022, documento codirigido pelo economista Thomas Piketty, que lidera os trabalhos do Laboratório das Desigualdades Mundiais, vinculado à Escola de Economia de Paris. Melhorar o saneamento básico é, portanto, uma questão de justiça social, promovendo a equidade e a melhoria das condições de vida.
Por fim, a implementação de políticas eficazes de saneamento básico no Brasil requer um esforço conjunto entre governos, setor privado e sociedade civil. A construção de infraestrutura adequada, a conscientização da população e o investimento contínuo são fundamentais para transformar essa realidade. Com uma gestão eficiente e um planejamento estratégico, é possível avançar na universalização do saneamento, promovendo um futuro mais saudável, sustentável e justo para todos os brasileiros.
* Engenheiro Civil pela UFMG, Mestre em Gestão de Projetos e Especialista em Engenharia Ambiental. Professor das faculdades Kennedy e coordenador de saneamento da HidroBR.