Não sobrou nem a lenda do cavalo Caramelo. Um cavalo que se equilibrou no telhado de uma casa de onde foi retirado pela paciência e resignação. Mas sobraram outros animais, sobretudo cachorros, gatos e até papagaios. Assim se poderia dar início à lenda do cavalo Caramelo, enfim, retirado do alto de um prédio até porque não se aventurou a se jogar na água como os cachorros, gatos e até papagaios. E assim se conta uma das maiores tragédias do Rio Grande do Sul, com centenas de mortos e desaparecidos. Na verdade, 90% dos municípios gaúchos foram afetados pelas enchentes após o recuo das águas. Em Lajeado, os moradores enfrentam o desafio de limpar suas casas.
O Rio Grande do Sul foi devastado por enchentes após ser alvo de fortes chuvas nas últimas semanas. E muitos moradores da região acabaram perdendo suas residências diante da força das águas a destruir os imóveis. O governo federal vem fazendo sua parte de auxílio aos milhares de desabrigados. Segundo a Federação Nacional dos Municípios, 96 mil residências foram danificadas, resultando num prejuízo de R$ 5 bilhões. Já segundo a Defesa Civil, 458 dos 497 municípios foram afetados de uma forma ou outra, deixando mais de 600 mil pessoas desabrigadas.
Em Porto Alegre, a cena de destruição permanece. Após a água baixar, a lama e entulho começam a aparecer nas ruas da cidade. O empresário Jair Lamm, que mantém uma padaria no Centro da cidade há mais de 25 anos, afirma que perdeu toda a mercadoria. “Os freezers viraram de cabeça para baixo. Tudo foi perdido”, diz o gaúcho, garantindo, no entanto, que a hora é de levantar a cabeça e olhar para o alto.
O problema, agora, no entanto, é com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que deixou na manhã desse sábado a clínica onde esteve internado. Mas, ao mesmo tempo, pra se ver como é o jogo político, o governador Claudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, começa a ser julgado, por coincidência no mesmo dia em que começa o julgamento do ex-governador do Rio de Janeiro. Outras oito pessoas respondem a essa manifestação.
Mas ainda não é o fim do governador Eduardo Leite, do PSDB. Há sérias restrições quanto à atuação do governador, algumas pesadas, como o fato de levantar as barricadas que conteriam as cheias. Da mesma forma, também são levantadas críticas ao governo federal, sobretudo com relação ao casaco vermelho usado pelo encarregado da reconstrução do Estado. Mas o assunto repercute também na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, porque aqui é onde o Estado permite o maior número de barragens de mineração no Brasil, abrigando 38,7% do total, ou seja, existem em Minas Gerais 350, sendo que ao menos 40 mil pessoas vivem próximas dessas estruturas, segundo a Agência Nacional de Mineração. Uma comissão do Rio Grande do Sul vai acompanhar o andamento desses trabalhos.