Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Bolsonaro pode trocar um general por uma deputada para melhorar a imagem junto ao público feminino

Publicado em 16/06/2022 às 06:00.

Antes imbatível para  vice do presidente Jair Bolsonaro, o general Braga Neto começa a correr sério risco de se manter como ministro da Defesa, num possível novo governo do presidente da República ou continuar como uma espécie de assessor presidencial, situação em que se encontra neste momento. Tudo porque, ao que parece, bateu uma crise no comando da campanha do presidente Bolsonaro, que começa a temer a vitória do ex-presidente Lula já no primeiro turno, de forma que em função dessa crise, e da recusa da primeira-dama, Michele, de participar da campanha, começa a brilhar a possibilidade de uma mulher ser vice de Bolsonaro, ao contrário de Braga Neto, ainda o mais provável candidato.

E a escolhida, pelo menos na opinião do atual vice-presidente Hamilton Mourão, seria a deputada federal Tereza Cristina, que teve de se desincompatibilizar do cargo de ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, como manda a legislação. Segundo o vice-presidente Hamilton Mourão, a ex-ministra teve um bom desempenho na gestão do agronegócio, tem boas relações com o Congresso, de forma que  a chapa Bolsonaro-Braga Neto poderia tomar uma outra composição com Tereza Cristina assumindo o lugar do general Braga Neto, a despeito de o presidente ter se fixado no seu quatro-estrelas, entre outras razões, por ser de Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país.

No caso da ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, uma das questões levantadas pela crise na campanha de Bolsonaro é que sua rejeição entre as mulheres é muito alta, maior do que entre os homens, a despeito de Tereza Cristina não enxergar com os melhores olhos essa possível escolha – por enquanto apenas uma especulação - porque na verdade ela se mostra mais disposta a tentar o Senado, eleição que, na sua avaliação, seria mais segura, já que sua base eleitoral é o Mato Grosso do Sul e sua legenda é o Partido Progressista, de centro-direita.

Mas o dia ontem foi do ex-presidente Lula (PT) que fez a sua primeira aparição, após a Covid-19, que também o vitimou, na companhia do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), e do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB). Aliás, com uma chapa completa, porque no palanque também estavam André Quintão (PT), o vice de Kalil, e o senador Alexandre Silveira (PSD), que tentará a reeleição com o aval da coalizão. O evento estava marcado para às 17h de ontem, numa faculdade privada de Uberlândia e na verdade apresenta a constelação com a qual o ex-presidente Lula e o ex-prefeito Alexandre Kalil pretendem encarar a dupla Bolsonaro e provavelmente Tereza Cristina – ou quem sabe o general Braga Neto – e com uma possível traição do governador Romeu Zema, que faz de conta que vai votar com o Partido Novo, cujo candidato é Felipe D’Avila, mas flerta com Bolsonaro – para quem, aliás, pediu voto em 2018 no último debate da Rede Globo Minas.

Ontem, aliás, o governador Romeu Zema deu uma no cravo e outra na ferradura ao pedir o tombamento da Serra do Curral, considerando o maciço que emoldura a parte sul de Belo Horizonte como “bem de relevante interesse cultural do Estado”. Zema fez essa mesura a BH quando na verdade o seu governo já havia dado autorização para a Tamisa minerar a Serra, a despeito de a Copasa, por exemplo, não haver completado o estudo sobre os impactos hídricos ao sopé da Serra, símbolo maior da cidade Belo Horizonte. Esse processo de tombamento da Serra, no entanto, já está tramitando na Assembleia Legislativa com possibilidades de ser aprovado. Mas o ato do governador não deixa de dar um certo alívio a essa moldura que desce da Serra e se espraia pelo vale até acabar na Lagoa da Pampulha, onde estão algumas obras notáveis de Oscar Niemeyer.

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