Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Com algumas condenações em curso, Bolsonaro chega a Minas, mas recebe “deboche” do presidente Lula

Publicado em 07/10/2023 às 06:00.

Com algumas condenações já em curso e com o presidente Lula fazendo deboches ao oferecer aos filhotes de ema “sem cloroquina”, Bolsonaro chegou nessa sexta-feira a Belo Horizonte, para uma série de eventos, exatamente quando o primeiro indígena foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, nascido nas cabeceiras do Rio Doce. A semana parece ser pródiga em fatos e eventos de certa repercussão – o que não seria de outra forma.

Basta ver a provocação do presidente Lula a Bolsonaro, a vinda do ex-presidente a Belo Horizonte e a eleição do líder indígena Ailton Krenak, pós-graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora e também pela Universidade de Brasília – uma reparação histórica, no dizer de Ailton Krenak.

Mas o mais chocante da semana foi o assassinato dos três médicos que participavam de um congresso de ortopedia no Rio de Janeiro. Choca também a própria definição dada pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, quando afirma que “não tem cabimento” “uma organização criminosa cometer um crime e ela mesma resolvê-lo”.

Cappelli fez a declaração na quinta-feira logo após tomar conhecimento e horas antes de se dirigir ao Rio de Janeiro para se encontrar com o governador, Cláudio Castro (PL-RJ) para uma reunião sobre a execução a tiros de três médicos na Barra da Tijuca. “Ora, o Brasil tem leis, possui regras, tem um Estado Democrático de Direito, que precisa ser respeitado. Não tem cabimento a gente dizer que organizações criminosas cometem um crime e elas mesmas resolvem esse crime. A situação não é a lei da Selva e o inquérito vai continuar”.

A polícia do Rio, talvez a que mais mata no sudeste brasileiro, localizou ainda no final da noite de quinta os corpos de quatro suspeitos de executarem os médicos. Segundo os investigadores, o próprio Comando Vermelho teria determinado a eliminação dos executores após a instalação do “tribunal do crime”, mais uma excrescência do Rio de Janeiro. Dois dos quatro corpos suspeitos pela execução foram identificados. Os corpos seriam de Philip Motta e Ryan Nunes de Almeida.

A dúvida, como levanta Cappelli, é se os médicos teriam sido mortos por engano ou se a mando do CV. Nessa sexta-feira, os médicos foram enterrados na Bahia e em São Paulo. A polícia do Rio de Janeiro segue a investigação de que o médico Perseu Ribeiro Almeida teria sido confundido com o miliciano Taillon de Alcantara, filho de Dalmir, apontado como chefe da milícia de Rio das Pedras.

A viagem de Cappelli ao Rio já estava programada, mas foi antecipada porque ele precisava se encontrar com a força tarefa do ministério público que vem estudando essa violência sem freios no Rio de Janeiro. O próprio presidente Lula se manifestou diante do episódio e recomendou a Polícia Federal que entrasse no assunto. Um dos profissionais assassinados era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP). O grupo estava num quiosque à beira da praia, quando foram surpreendidos por homens armados com fuzis e chegaram a fazer 30 disparos em questão de segundos. Morreram os médicos Marcos Corsatto, Diego Ralf Bomfim e Perseu Ribeiro. Daniel Proença ficou ferido e se recupera numa unidade hospitalar do Rio.

Com tanta polêmica e violência no cenário, vai passando despercebida a insinuação astuta do deputado federal Aécio Neves ao governador Romeu Zema. Em entrevista ao jornalista Roberto D’Avila, ao ser indagado sobre Zema, Aécio citou a frase do ex-chanceler alemão Conrad Adenauer: “Todo aquele que está na política e diz que não é político, é um idiota”.

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