Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Como Pernambuco ganhou uma fábrica e Minas perdeu os empregos, como diz Romeu Zema

Publicado em 17/11/2022 às 06:00.

Mesmo afirmando querer manter uma relação republicana com o novo governo que se empossará em 1º de janeiro de 2023, o governador Romeu Zema lembrou que a Fiat deixou de montar uma fábrica em Minas para montar uma outra em Garanhuns, terra do futuro presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

O governador está mais ou menos certo. De fato, a fábrica foi montada em Pernambuco. Aliás, quem me contou essa história foi o então governador Alberto Pinto Coelho, à época no exercício do cargo. O que aconteceu foi que o presidente Lula incluiu o Nordeste como área automotiva, sujeita, portanto, a benefícios fiscais. E, com isso, a Fiat comprou uma pequena fábrica de chicotes elétricos e recebeu os benefícios fiscais tão cobiçados na época – e ainda agora. Isso em 2010, final do governo Lula.

O que Zema afirma é que Lula deu os empregos, que poderiam ser de Minas, para os pernambucanos. Mas Zema erra em algumas coisas. Primeiro, que o México, também assentado em incentivos fiscais, oferecia muito mais do que Betim.

Segundo, ainda assentado nos incentivos fiscais, os americanos tinham acabado de comprar a marca Jeep e, com isso, Cledorvino Belini, então presidente da Fiat, ficou entre a cruz e a caldeirinha, optando finalmente por Pernambuco – acordo de Petrolina – cabendo, no entanto, à então presidente Dilma Rousseff inaugurar a fábrica do Renegade, alguns anos depois, obrigando antes à Fiat/Betim comprar uma fábrica de chicotes elétricos para se beneficiar dos incentivos generosos que o então governador Eduardo Campos concedia à Fiat.

Ao mesmo tempo, a Ford começava a construir sua fábrica em Camaçari, a partir do que comprou também a fábrica de jipes Troller, em Pernambuco.

Esse assunto rendeu ao ponto de um deputado tucano pedir a cassação do título de cidadão honorário de Minas a Belini. Como diz uma fonte ouvida pelo blog, “empresa não visa outra coisa, senão o lucro, mesmo fazendo o jogo político”. Ou seja, o que importa é o capital e o lucro que dele se tira. Zema, aliás, como empresário, sabe bem disso. 

Esse assunto veio à baila para acrescentar alguns pontos que não ficaram claros quando o governador Romeu Zema disse que gostaria de ter uma relação republicana com o futuro governo Lula e advertir que não permitirá que Minas Gerais fique novamente prejudicado em situações análogas – com o que a coluna concorda, não sem antes esclarecer esses pontos que ficaram obscuros no repto do governador Romeu Zema.

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