Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Exército adverte que manterá a força longe dos embates políticos

Publicado em 08/06/2024 às 06:00.

O cavalo Caramelo, que se manteve em equilíbrio no alto de uma casa, quando todo o resto estava inundado, sobrevive bem, graças às braçadas de alfafa que recebe dos tratadores e pode-se afirmar que está salvo. Mas agora é a hora da reconstrução do Rio Grande do Sul. E haja dinheiro para tanto gasto. A maioria das casas está destruída, há montanhas de lixo a serem varridas, o aeroporto da cidade de Porto Alegre segue inativo. O governo já liberou quase R$ 5 mil para os mais necessitados, dinheiro que será transferido em parcelas, de forma que é hora de reconstruir o Rio Grande, como dizem os gaúchos.

O problema agora fica com a base rebelde do governador Romeu Zema. Rebelde sim, porque o governador insiste em reajustar o salário do funcionalismo em apenas 4,6 %. Na verdade, numa hora dessas quem fala é o empresário e não o homem público. Quando Milton Campos governava Minas, perguntaram ao governador se não seria melhor mandar um piquete de cavalaria para espantar o que poderia ser considerado uma molecagem. Milton respondeu de pronto: - Não seria melhor mandar o trem pagador? Só isso mostra que Zema não é um homem público, mas um empresário ávido por dinheiro – o que também não chega a ser um exagero.

Meu voto não está à venda, poderia dizer Romeu Zema. Mas o que Zema não pode esconder é que 21 parlamentares que integram a gestão do governador votaram a favor das emendas, que acabaram sendo rejeitadas: Chiara Biondini, do PP, teve aliados exonerados às vésperas da votação. O que significa que, não só Chiara, como outros grupos rebeldes, vão atazanar a vida do governador que, neste fim de semana, vai estar em Espinosa, no extremo Norte do Estado, na divisa com a Bahia – na verdade a última cidade mineira antes que a represa que divide os Estados alcance a Bahia. Ainda assim, e talvez por isso mesmo, o governador de Minas ousa lançar-se à Presidência da República, onde já esteve, por exemplo, Tancredo Neves, ainda que não tenha tomado posse por questões de saúde.

Mas não é só isso. Ainda que isso fosse suficiente para impedir uma eventual posse de Zema na Presidência da República. Ontem mesmo o atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou que tem cumprido sua missão ao chefiar a força e conseguido manter a “política distante dos quartéis, como tem que ser”. 

Ele ainda criticou a nota golpista publicada pelo general Villas Boas, que fez um post falando sobre a impunidade às vésperas do julgamento de um pedido de habeas corpus de Lula no STF. Esse talvez tenha sido o passaporte de Bolsonaro para sofrer uma nova derrota para o presidente Lula – todos ainda se lembram de Bolsonaro beijando as mãos do então comandante do Exército, Villas Boas. Por último, é incrível o que foi lido ontem numa dessas colunas de fofoca política. Está lá: Tarcísio, de São Paulo, e Zema, de Minas Gerais, tendem a influenciar mais na política municipal de seus Estados. É possível. Na última eleição de que participou Zema, ele pediu voto para Jair Bolsonaro, ao vivo.

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