Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Foi um debate ríspido em que Lula não esteve bem, mas foi pior para Bolsonaro, confrontado por Tebet

30/08/2022 às 11:45.
Atualizado em 30/08/2022 às 11:46

Foi um debate acalorado, ríspido até, entre os candidatos à Presidência da República, em que estiveram, domingo, o ex-presidente Lula (PT), o presidente Bolsonaro (PL), o ex-ministro de Lula, Ciro Gomes (PDT), a senadora Simone Tebet (MDB), Felipe d’Ávila (Novo) e Soraya Thronicke (União). Inicialmente estava acertado que Lula e Bolsonaro ficariam lado a lado, mas uma alma de bom senso, dizem que foi o GSI, os separou – o que certamente evitou um mal maior, até porque na plateia por pouco não houve uma briga entre o deputado André Janones, que apoia Lula, e o ex-ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, que apoia Bolsonaro. Voaram palavrões e os dois quase foram aos tapas.

Quem primeiro atacou, pela ordem das perguntas, foi Jair Bolsonaro. E já foi na jugular de Lula, pegando o tema da corrupção e citando um mundo de números, nem todos verdadeiros, como rebateu o ex-presidente que, na réplica, acusou Bolsonaro de estar destruindo o país. E por aí foram os dois digladiadores, cada um mais bravo do que o outro, a tal ponto que, segundo a pesquisa instantânea do Instituto Quaest, quem levou a melhor no debate foi Ciro Gomes, seguido da senadora Simone Tebet.

Bolsonaro atacou Vera pessoal e profissionalmente. “Vera, eu não poderia esperar outra coisa de você. Você dorme pensando em mim. Você deve ter alguma paixão por mim. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”

Mas se Bolsonaro foi o mais agressivo nas perguntas, a ponto de dizer que o governo Lula foi o mais corrupto da história, e ainda que o ex-presidente tenha elencado uma série de medidas que seu governo tomou para tornar a sua gestão mais transparente, Lula na réplica não voltou a tocar no tema da corrupção – até porque ele disse que já esperava essa pergunta de Bolsonaro – e tergiversou para falar das realizações de seu governo como a inclusão social, a geração da emprego, o aumento do salário-mínimo, investimento na agricultura familiar e na criação de universidades públicas e escolas técnicas federais. “É este país que o atual presidente da República está destruindo por que ele adora bravata”, rebateu Lula.

O debate foi nessa toada até que a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura, resolveu fazer uma pergunta a Ciro Gomes sobre a cobertura vacinal e sobre a Covid-19. Ah, pra quê! Enquanto Ciro respondia que tudo estava errado do país – sempre questionando Lula e os governos do PT – quando foi a vez de Bolsonaro comentar a resposta de Ciro aí o tempo esquentou porque Bolsonaro atacou Vera pessoal e profissionalmente, nesses termos: “Vera, eu não poderia esperar outra coisa de você. Você dorme pensando em mim. Você deve ter alguma paixão por mim. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”.

Aí o caldo entornou de vez com as mulheres, mas não só elas, Ciro Gomes também, mas principalmente Soraya e Simone partindo para cima de Bolsonaro naquilo que pode ter sido o pior momento do debate – pelo menos para o atual presidente – cabendo a Soraya a resposta mais contundente: “”Quando homens são tchutchuca com outros homens mas vêm pra cima da gente sendo tigrão, eu fico brava e não aceito esse tipo de xingamento, de comportamento, acima de tudo para disseminar o ódio entre os brasileiros, para nos dividir”.

Se para o ex-presidente Lula o debate não lhe trouxe maiores dividendos, para o presidente Bolsonaro foi pior porque seguramente lhe trouxe desgastes, tanto é que ele cancelou o debate na Jovem Pan, ontem, cabendo à senadora Simone Tebet o arremate final no presidente da República ao lhe dizer, quase lado a lado: “Eu não tenho medo de você!” 

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