Durou três horas a mais a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com todo o seu ministério e representantes dos bancos estatais, tudo intercalado com biscoitos, cafés e canapés. Lula cobrou sobretudo articulação política do seu governo, a tal ponto que ontem o ministro Alexandre Padilha afirmou que o governo fará uma força-tarefa para amenizar a insatisfação do Congresso Nacional com o Planalto. Segundo Padilha, o governo tem cerca de 400 currículos apresentados por parlamentares em benefício de seus apaniguados. Mas o que Lula quer é pressa no atendimento aos parlamentares, até porque alguns currículos estão há mais de 60 dias nas mãos dos ministros que, ao que parece, relutam em aprovar os nomes, embora possa haver um critério para avaliação dos indicados.
O fato é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu o tom na conversa com os seus ministros. Lula precisa atender às demandas do Congresso Nacional e ajustar melhor a sua comunicação. Aliás, já nessa semana Lula tomou a iniciativa, através da Empresa Brasileira de Comunicação, de retomar uma espécie de conversa com o presidente, dos tempos de Fernando Henrique Cardoso, para melhor se comunicar com as suas redes sociais, cabendo ao ex-repórter da Globo, Marcos Uchôa, conduzir as entrevistas. O que significa que o presidente Lula precisa não apenas de atender as indicações do Congresso como revitalizar a sua comunicação, fortalecendo ainda o ministro Padilha, a quem cabe fazer a articulação com a Câmara e com o Senado da República.
Mas o dia ontem foi dedicado ao senador Marcos do Val (Podemos-ES). Coube ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, botar água no chope do senador que comemorava 52 anos e convidou seus colegas para uma festa em Vitória (ES). O ministro do STF, Alexandre de Moraes, não teve nem piedade do aniversariante até porque Do Val andou ligando para muita gente na tentativa de envolver Moraes numa tentativa de golpe de Estado, no que parece haver o senador ter tido uma crise alucinógena. Há por exemplo mensagens envolvendo um plano golpista que o senador disse ter combinado com o ex-presidente Jair Bolsonaro – que, aliás, até agora também não se manifestou nem para desmascarar o senador falastrão nem para desmenti-lo.
Em entrevista à Veja, no início do ano, Marcos Do Val disse que havia um suposto plano no qual ele tentaria gravar inconfidências do ministro Alexandre de Moraes, durante uma reunião privada para, depois, usar a gravação como argumento para tentar anular as eleições em que Lula saiu vitorioso. Na época, Do Val disse ter discutido previamente com o próprio Bolsonaro. A Polícia Federal chegou a pedir a prisão do senador capixaba ou seu afastamento do cargo, negada por Alexandre de Moraes, que preferiu, no entanto, mandar a PF a cumprir a ordem de busca e apreensão nos endereços de Do Val, o que foi feito na quinta-feira à tarde.