Foi um show a história do cavalo Caramelo se estabilizando no alto de um prédio dos tantos destruídos nessa inundação que tomou conta de Porto Alegre e cidades vizinhas. Um show que não merece nem o cavalo nem o que Porto Alegre vem sofrendo com a inundação. E o problema tende a se agravar em função do frio que se aproxima e da própria cidade que se afoga numa situação sem precedentes.
Alguns dizem que já houve uma inundação dessas na década de 1940/41. E outros até culpam o governador do Estado, Eduardo Leite, por alguns desleixos, sobretudo com relação às áreas até agora inundadas. Mas o fato é que Porto Alegre jamais assistiu ao que o mundo está vendo. E o presidente Lula faz das tripas coração para arrancar dinheiro do Congresso Nacional. Dizem os áulicos que Lula vai se sair melhor do que entrou nessa gelada – com o perdão da palavra.
Mas quem desembarcou nessa sexta-feira em Porto Alegre foi o ministro José Múcio, junto com os comandantes militares. José Múcio expressou seu desejo de que os criadores de notícias falsas pudessem usar seu talento no resgate de vidas. “Seria ótimo que usassem seu talento que têm de criar fake news para nos ajudarem a salvar vidas”, disse. Mas não é só a capital que está sob as águas – na verdade a cidade está destruída.
Esta é a quarta vez que José Múcio se encontra em Porto Alegre. Ele já esteve no Rio Grande do Sul nos dias 29 e 30 de abril, retornando com o presidente Lula no último domingo e agora para monitorar pessoalmente as operações.
No total, cerca de 15 mil militares estão mobilizados para auxiliar no resgate de pessoas ilhadas e desabrigadas. Desses, 3.500 estão à busca direta das vítimas, enquanto outros 11.500 estão envolvidos em atividades de apoio às operações de resgate. Segundo as autoridades gaúchas, o desastre resultou na morte de 116 pessoas e deixou 556 feridos e 143 desaparecidos. Dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, 437 foram afetados.
Ou seja, nada de comemorar a saga do cavalo Caramelo. Muito menos condoer-se do governador Eduardo Leite, que teria até sido, em parte, responsável pela catástrofe que se abate sobre Porto Alegre e cidades vizinhas. “Não é hora de apontar culpados”, dizem os gaúchos. É hora de reconstruir a cidade. E os municípios vizinhos também.