Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Pesquisa mostra que ricos votam em Bolsonaro e a pobreza fica com Lula

Publicado em 04/06/2022 às 06:00.

Pesquisa e pesquisadores são muito parecidos. Quase iguais, eu diria. Um desses pesquisadores, inquieto como ele só, é o cientista político Felipe Nunes, proprietário da Quaest. Ele publicou nessa sexta-feira um bom indicativo de como seriam também polarizadas as eleições deste ano, a começar por dados numéricos, sem entrar no mérito da pergunta que se faz sempre: essas eleições estão de fato polarizadas?

Pois vamos a esses dados. Os homens se dividem de forma clara: 50 por cento votariam em Lula e 24 por cento em Jair Bolsonaro. Os de maior posse dividem também numa proporção mais ou menos parecida: os ricos votam em Bolsonaro (22 por cento) e os pobres votariam em Lula (22 por cento). O mesmo acontece com a cor da pele: Os brancos votariam em Bolsonaro (23 por cento) e os pretos em Lula (59 por cento). Mas vejam esse outro dado: os católicos votam em Lula e os evangélicos em Bolsonaro e aí, segundo Felipe Nunes, a polarização social se torna evidente: 53 por cento dos católicos votariam em Lula e 47 por cento em Jair Bolsonaro. Agora vejam esse recorte geográfico. O Nordeste votaria em Lula (61 por cento) e 22 por cento votariam em Bolsonaro. Para o PHD da UFMG Felipe Nunes, “se alguém tinha dúvida, esses dados mostram que a polarização política se transformou em polarização social”. A disputa não é mais entre partidos, diz Felipe Nunes, mas entre grupos sociais que, segundo ele, “lutam por direitos, privilégios, garantias e recursos limitados... e ninguém quer perder”. Esses dados, de acordo com Felipe Nunes, foram retirados da 11ª rodada da pesquisa Genial/Quaest registrada no TER.

O que Felipe Nunes não sabe é que que na década de 50 o demógrafo francês, Jacques Lambert, publicou um livro com o título, que se aproxima do que o cientista-político da UFMG diz em suas considerações, chamado “Os dois Brasis”, que tratava do resgate da modernidade do centro-sul e do Sul contra o atraso e a miséria do nordeste. “Era o Brasil europeu contra o Brasil africano”, na citação do sociólogo brasileiro Emir Sader.

Mas a novidade dessa sexta-feira é a plataforma do Estadão, de nome “agregador de pesquisas” que, na verdade, é uma compilação dos dados de todas as pesquisas feitas nesse período eleitoral, juntando os números de todos os 14 institutos para ao final calcular o cenário mais provável da corrida eleitoral deste ano. De acordo com o “agregador de pesquisas” do Estado de São Paulo, o ex-presidente Lula lidera a corrida presidencial, segundo a Média Estadão Dados, neste momento com 47 por cento – 18 pontos percentuais a mais que Jair Bolsonaro, com 29 por cento; Ciro vem a seguir com oito por cento e há um empate entre André Janones (Avante), e Simone Tebet (MDB) ambos com dois por cento. Os outros concorrentes somados chegam a três por cento.

Agora não se pode deixar de ignorar o bate-boca entre o ex-prefeito Alexandre Kalil e o governador Romeu Zema, na reunião dos prefeitos da AMM nessa semana. Foi um tal de sem cabeça de um lado e de falta com a verdade de outro, que por pouco não chegaram à via de fato. Mas Kalil deixou a comodidade de Belo Horizonte e está percorrendo o interior do Estado. Esteve ontem por exemplo em Teófilo Otoni. E Zema não fica atrás, mesmo estando à frente nas pesquisas.

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