Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Surpresa na sucessão mineira: Carlos Viana poderá ficar de fora da corrida eleitoral

Publicado em 28/07/2022 às 06:00.

Surpresa na eleição para o governo do Estado de Minas Gerais. O senador Carlos Viana, até então candidato do presidente Bolsonaro, não está confirmado como pretendente ao governo mineiro e tudo vai depender de uma decisão da Executiva do PL, partido a que Viana se filiou depois de deixar o PSD de Alexandre Kalil.

Isso pode provocar uma reviravolta na suc<ET>essão em Minas. Até então, embora não estivesse Bolsonaro patrocinando oficialmente a candidatura de Viana e ainda que Viana falasse como pretenso candidato ao governo do Estado, o fato  é que apareceu um elemento  novo nessa disputa em que Romeu Zema lidera as pesquisas, mas perde quando se sabe que Kalil tem o apoio do ex-presidente Lula. Em suma, o ex-prefeito precisa colar a imagem de Lula na campanha dele como única forma, talvez, de levar Zema à derrota.

Ao jogar a decisão para a Executiva do PL, Carlos Viana se sujeita a uma variável que é pouco comum em Minas, onde as coisas  são resolvidas pelos mineiros e não por executivas que não acompanham o dia a dia da política daqui. De qualquer forma, é certo que Viana está na dependência dessa decisão que pode até lhe ser favorável, mas ao cancelar alguns compromissos em Minas Viana deixou claro que de fato vai depender da decisão da Executiva do PL. Aliás, não causaria espanto se o presidente Jair Bolsonaro vier a apoiar o governador Romeu Zema. Os dois têm trocado flertes, Zema depende do presidente para entrar no regime de recuperação  fiscal do governo federal, pelo qual o governador poderá ficar livre de dívidas superiores a R$ 160 bilhões, de forma que esse, digamos, namoro entre dois é antigo, não é de hoje. Ainda recentemente Bolsonaro fez rasgados elogios ao governador Zema, numa solenidade na Fiemg, de forma que não custaria muito para o presidente declarar apoio ao governador mineiro, “cristianizando” o senador Carlos Viana.

O problema é que Viana vem tendo uma performance ruim nas pesquisas eleitorais e isso deve ter deixado insegura a Executiva do PL que precisa montar um palanque forte para Bolsonaro em Minas, onde ele vem perdendo seguidamente, nas pesquisas, para o ex-presidente Lula. Mas é de ver também que Viana nem chegou a botar o bloco na rua, a depender, quem sabe, de gestos mais firmes do presidente Bolsonaro. Aliás, outro dia, numa visita a Juiz de Fora, Bolsonaro nem citou a presença do senador na sua comitiva, o que pegou mal para quem acompanha os fatos da política mineira. De qualquer maneira, Zema não poderá retribuir o apoio de Bolsonaro. O Partido Novo tem candidato próprio à presidência da República, Luiz Felipe d’Ávila, a menos que Zema faça, como fez há quatro anos, ao pedir no último debate da Globo que seus eleitores votassem em Jair Bolsonaro.

Uma outra candidatura que só vai ser decidida nessa quinta-feira é a do deputado federal Aécio Neves (PSDB). O ex-governador está analisando as pesquisas, além do seu próprio faro da política mineira, para decidir se sai para o Senado ou se continua na Câmara Federal. Aécio vem liderando a corrida para o Senado, a despeito do desgaste político que sofreu em decorrência de denúncias lançadas contra ele no caso de Joesley Batista, da JMS, de forma que numa hora dessas, como fez quatro anos atrás, é bom conversar primeiro com seu próprio travesseiro. De qualquer forma, o ex-governador deve anunciar sua decisão nessa quinta-feira, enquanto Carlos Viana aguarda a decisão do PL, na próxima semana.

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