Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Todos atrás de um vice para ser chamado de seu

Publicado em 05/07/2022 às 06:00.

Até parece que em Minas, sobretudo, todo mundo quer um vice para chamar de seu. Agora mesmo é o governador Romeu Zema que está à procura de um. Pelo menos, para isso, ele esteve ontem em Brasília, onde parece negociar não apenas com o presidente Bolsonaro, mas também com o deputado Aécio Neves, um nome para ser chamado de vice. O problema, no caso de Aécio, é que o PSDB já tem um candidato ao governo do Estado, o ex-deputado Marcos Pestana. Mas a caça a um vice continua.

Ao se encontrar com o presidente Bolsonaro, na tarde de ontem, essa conversa entre Aécio e Romeu Zema ainda estava no nascedouro. Mas ainda assim não afasta o governador da caça a um vice para chamar de seu. Tanto é assim que na conversa que os dois tiveram ontem havia ainda essa dúvida: quem deve ser o vice de Romeu Zema? Pelos lados do PT as coisas estão seguras, com o deputado estadual André Quintão compondo a chapa.

Ora, a essa altura o governador Romeu Zema já não é uma figura desconhecida, como foi em 2018, quando chegou a pedir a seus eleitores que votassem em Bolsonaro. Zema é hoje uma figura conhecida e já com boas chances de sobrepujar o ex-prefeito Alexandre Kalil, que, aliás, continua com o pé trocado na marcha das eleições. Essa conversa de uma carninha aqui, um queijinho ali, não faz o perfil do ex-prefeito que tem um estilo próprio, um jeitão característico, de forma que Kalil precisa ser readaptado às suas melhores condições. Esse Kalil que se vê nas tevês não é o verdadeiro Kalil – surge falseado, domesticado.

Foi por isso que chamaram o ex-presidente Lula para montar, com Kalil, o palanque eleitoral em Minas. E não parece que as coisas estejam funcionando tão bem, pelo menos é o que mostram as pesquisas – Zema tem mais que o dobro de intenção de votos de Kalil.

Mas é interessante notar também como tem sido a participação do ex-presidente Lula nessa caminhada para o Palácio do Planalto. Segundo o “Media Estadão Dados”, que saiu ontem, Lula tem 46% das intenções de voto e Jair Bolsonaro tem 30%, a 90 dias do primeiro turno. Ciro Gomes soma 8%, André Janones e Simone Tebet, 2%. Os outros candidatos, entre eles o que seria de Romeu Zema, do Novo, Luiz Felipe Dávila, não chegam a 1% das intenções de voto.

Se descontados os brasileiros que estão indecisos ou afirmam que votariam em branco ou nulo, Lula teria 53% e Bolsonaro 34%. Mas isso se não ocorressem certos zuns-zuns que atordoam o eleitor e fazem com que surjam figuras como o general Braga Netto, uma espécie de fiador das eleições, pela via dos militares que tomam conta do poder. Não são poucas as vezes que o general Braga Netto, mineiro de Belo Horizonte, tem se arvorado como uma espécie de avalista das eleições. Pode ser, quem sabe o que vem por aí?

De qualquer forma essa conversa do presidente Bolsonaro com o governador Romeu Zema, ontem, deve clarear um pouco esse quadro ainda meio nebuloso por conta desses zuns-zuns que não deixam de tumultuar o ambiente político em que estamos metidos. Da mesma forma, o encontro de Zema com Aécio Neves também não deixa de esquentar o caldo da temperatura política. De maneira que é preciso dar um pouco mais de tempo ao tempo até mesmo para se avaliar por que a Rede Globo de televisão abocanhou neste ano R$11,4 milhões, o que representaria 41% do montante total destinado à compra de material publicitário na emissora ( R$ 27 milhões) em quatro anos de mandato,  recebendo mais recursos do que a Record e o SBT, emissoras que contam com a simpatia do governo atual, mesmo levando-se em conta as agressões com palavrões até mesmo contra repórteres que cumprem o seu plantão semanal à porta do Palácio da Alvorada. Em suma, pela reeleição o Planalto eleva gasto em publicidade, na Globo, em 75% neste ano da graça de 2022. É pouco? É muito? Uma parte dessa resposta só poderá ser dada no dia 2 de outubro. Aí sim, teremos eleição. A despeito dos zuns-zuns que se ouvem no ar.

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