No cenário atual, a legitimidade dos digitais influencers que cobrem os clubes de futebol é inegável. Através de páginas na internet e canais no YouTube, fazem muito sucesso. Entretanto, quando essas figuras ganham espaço em coletivas de imprensa de treinadores, a linha entre o jornalismo e o entretenimento começa a se desvanecer.
O objetivo primordial de uma coletiva de imprensa é oferecer informações fundamentadas e esclarecedoras sobre o desempenho da equipe, táticas, decisões estratégicas e análise de jogos. No entanto, ao cederem espaço aos influenciadores digitais, os clubes inadvertidamente comprometem esse propósito.
As perguntas, muitas vezes, se transformam em um espaço para desabafos e cobranças pessoais. Isso ocorre porque os influenciadores, frequentemente identificados como torcedores apaixonados, possuem uma abordagem emocional e subjetiva. Em vez de buscar informações objetivas, eles tendem a expressar frustrações, opiniões pessoais e até mesmo demandas. Essa mudança de foco distorce o verdadeiro sentido da coletiva.
A presença dos influenciadores digitais também coloca em risco os princípios jornalísticos, uma vez que a imparcialidade e a busca por fatos concretos são substituídas por sensacionalismo e entretenimento. Perguntas fundamentais podem ser negligenciadas em prol de questões que geram mais engajamento nas redes sociais, diminuindo assim a qualidade da informação transmitida.
Para reverter essa tendência, os clubes devem reavaliar a maneira como conduzem suas coletivas de imprensa. As assessorias de imprensa têm um papel crucial em manter o foco na relevância jornalística das perguntas e na garantia de que informações objetivas e imparciais sejam comunicadas. A seleção criteriosa dos participantes e um direcionamento claro sobre os tópicos a serem abordados podem ajudar a recuperar a integridade das coletivas.
Em última análise, é essencial reconhecer que a inclusão dos influenciadores digitais nas coletivas de imprensa dos treinadores pode ser benéfica para a promoção do clube, desde que seja feita de forma equilibrada e respeitosa em relação aos princípios jornalísticos. O desafio reside em manter a coerência entre entretenimento e informação, evitando que as coletivas se transformem em plataformas de desabafo e cobrança, em detrimento da verdadeira essência jornalística.