Mais uma vez, o clássico mineiro adquiriu contornos polêmicos que transcendem o próprio jogo. É lamentável a incapacidade de cooperação entre as duas maiores potências do futebol em Minas Gerais, o Atlético e o Cruzeiro, no sentido de promover conjuntamente o seu produto. Abstendo-me de entrar em juízo sobre os méritos das controvérsias entre as respectivas diretorias, proponho uma reflexão em um contexto mais amplo.
No futebol, diferentemente de outras indústrias, as equipes são interdependentes para sobreviverem. Isso ocorre porque, em uma competição, a presença de um adversário é essencial, é o mínimo necessário. Além disso, a indústria do futebol requer audiência, apoio da torcida, engajamento e receitas financeiras. O crescimento em cada um desses aspectos só é possível com um compromisso sério com o profissionalismo. Nenhuma dessas metas se coaduna com conflitos e desentendimentos, como os que testemunhamos nos bastidores do clássico mineiro.
O Atlético e o Cruzeiro deveriam se inspirar na relação exemplar entre o Fortaleza e o Ceará, onde a rivalidade contribuiu para o crescimento do futebol cearense e nordestino. As diretorias desses clubes deixaram de lado suas discordâncias para unir forças, protagonizando campanhas conjuntas e estabelecendo acordos comerciais com patrocinadores em conjunto.
É importante ressaltar que a rivalidade, a brincadeira e o bom humor entre os clubes são elementos válidos e que devem ser explorados, pois fazem parte do ambiente saudável do futebol. No entanto, quando se trata dos aspectos comerciais fora do campo, é fundamental adotar uma mentalidade diferente. Isso começa com o diálogo e o reconhecimento de que, juntos, podem alcançar patamares muito mais elevados.