Pela primeira vez na história, o futebol dos Estados Unidos da América superou o brasileiro em seu faturamento anual. As 28 equipes que disputam a MLS, principal liga americana, alcançaram a marca de US$ 1,6 bilhão, contra US$ 1,1 bilhão dos 20 clubes da série A do Brasileirão. Os números foram divulgados pela consultoria especializada Sports Value.
O Brasil, país do futebol (se ainda podemos chamar assim), conseguiu ser passado para trás por um país com pouquíssima tradição na modalidade, escancarando ainda mais a nossa dificuldade em desenvolver um produto mais atraente. Nossa dificuldade em conectar com o consumidor de diferentes idades, escalar o produto, ter uma liga atraente e assistida em todo mundo, diminuir a concentração das receitas entre os clubes, entre outros fatores, vão nos deixando cada vez mais para trás em comparação aos mercados estrangeiros.
Enquanto que na MLS o contrato de direitos de transmissão de TV é discutido pela Liga e repartido quase que igualmente entre os clubes, no Brasil é cada um por si, uma selvageria, como se fossem extremos concorrentes. Não há o menor consenso em como essa divisão deve ser feita, o que torna a disparidade econômica dos clubes maior e, consequentemente, menor a competitividade entre eles. As gerações mais novas, assim, vão perdendo, aos poucos, o interesse pela modalidade.
A dificuldade brasileira em criar uma liga é enorme e passa, primeiro, pela profissionalização interna dos clubes, que ainda sofrem com um ambiente político extremo. Presidentes, ao invés de se concentrarem em uma gestão profissional, são obrigados a conduzir o clube com preocupações políticas e precisando atender a grupos diversos.
Enquanto não unirmos todos os stakeholders do futebol (clubes, entidades de administração, governo, patrocinadores, entre outros) em torno de um objetivo só, vamos ter dificuldades e perder cada vez mais espaço. E perder este espaço significa um ataque brutal a um importante patrimônio cultural, social e econômico brasileiro. Vamos reagir?