A Copa no Catar começou e várias seleções figuram como favoritas para o título. Portugal, com grandes craques, é uma delas. Entretanto, a grande curiosidade é que mesmo que os lusitanos não sejam campeões e continuem sem nenhum mundial no currículo, estarão a manter uma fortíssima influência no futebol contemporâneo. Arrisco até a dizer que todas as seleções presentes na Copa possuem, ao menos um pouco, de Portugal nos seus respectivos trabalhos. Explico!

Portugal é o berço da maior ferramenta metodológica de treino da história do futebol, a qual quebrou importantes paradigmas. Estamos a falar da famigerada Periodização Tática, cujo principal mentor atende pelo nome de Vítor Frade, professor da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (Fadeup).

A Periodização Tática é a metodologia que melhor consegue sanar dúvidas relacionadas à enorme complexidade que é treinar equipes de futebol, principalmente em um contexto tão curto de Copa do Mundo, nas quais os treinadores possuem pouco tempo com os seus respectivos jogadores.

A considerar que, durante a maior parte do ano, os jogadores não estão juntos e, ao longo da preparação, se encontraram poucas vezes para jogarem e treinarem, para se conseguir a organização da equipe o treinador não pode se dar ao luxo de perder tempo. Isso significa que os treinos precisam ter a maior especificidade possível, buscando uma rápida aquisição do Modelo de Jogo. Uma atividade de treino que não tenha como norte a organização tática como modeladora do processo, tendo as dimensões física, técnica e mental adjacentes (por arrasto), está fadada a atrasar a modelação da equipe. E em um contexto de Copa, isso significará que os jogadores poderão chegar à competição ainda sem padrões de comportamentos e não habituados à forma de jogar que o treinador deseja.

Sob o ponto de vista fisiológico, cada jogador está vindo de um Modelo de Jogo diferente, com o treinador do seu respectivo clube. A considerar que é exatamente a tática quem deve condicionar as necessidades energéticas do jogador, de acordo com este Modelo, mais uma vez urge-se em ir ao fundamental: a organização tática.

Novamente, é a Periodização Tática que melhor auxilia neste contexto, através dos seus princípios metodológicos, permitindo que a equipe verdadeiramente treine à volta de uma forma de jogar.

Por fim, durante a Copa do Mundo, em intervalos curtos entre os jogos, é o Morfociclo Padrão quem melhor consegue oferecer uma organização semanal que comunique o binômio esforço/ recuperação sem prejudicar a evolução do jogar.

Sem sombra de dúvidas, todos os treinadores presentes na Copa, de alguma forma, bebem da fonte da Periodização Tática, seja nas teorias as quais ela está ancorada, seja nos seus princípios. Os técnicos precisam das soluções que somente a metodologia portuguesa conseguiu responder nos últimos tempos. Assim, independentemente da seleção campeã, Portugal estará, de alguma forma, no pódio da Copa do Mundo.

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