Nesta segunda-feira (27/01) o Cruzeiro anunciou a saída de Fernando Diniz, técnico campeão da Copa Libertadores com o Fluminense em 2023. Um movimento que nos leva a importantes reflexões sobre o futebol brasileiro.

A primeira delas é como a maior virtude de um profissional pode, paradoxalmente, tornar-se sua maior fraqueza, dependendo do contexto. Quando vitorioso, o trabalho autoral e tático de Diniz é exaltado como genial. Mas, nas derrotas, essas mesmas ideias são vistas como a raiz dos problemas. Isso reflete uma sociedade
acostumada a análises extremas, em que o meio-termo raramente tem espaço. Tudo é preto ou branco, dia ou noite, 8 ou 80.

A segunda reflexão é o impacto do ambiente externo na construção de uma equipe. Por mais que as ideias de jogo sejam bem fundamentadas e os treinamentos
adequados, um contexto hostil pode desestabilizar o time. Jogadores se tornam inseguros, dirigentes hesitam, e até o técnico pode se sentir pressionado a encontrar soluções muito imediatas. A recente entrevista do zagueiro Thiago Silva ilustra bem o quanto o cenário agressivo do futebol brasileiro dificulta o desenvolvimento de projetos consistentes.

Fernando Diniz é, sem dúvida, um dos técnicos mais inovadores do Brasil, com ideias que provocam e encantam. Entretanto, sua filosofia de jogo exige tempo para amadurecer, mas a necessidade de resultados imediatos no Brasil cria um desafio quase intransponível. Sem vitórias iniciais, o ambiente se torna insustentável,
comprometendo qualquer chance de continuidade e evolução. Para revolucionar, primeiro é preciso vencer, ou então contar com uma diretoria muito convicta para
abraçar o trabalho.