Gestor de Futebol pela CBF Academy e pela Universidade do Futebol, pós-graduado em Direito Desportivo e Negócios no Esporte.

Os profetas do acontecido

Publicado em 10/10/2023 às 06:00.

Na última semana, Renato Gaúcho, o treinador do Grêmio, fez um desabafo com um toque de ironia durante sua coletiva de imprensa, tocando na questão das análises feitas por alguns jornalistas. E ele tinha razão, pois as análises no futebol brasileiro costumam ser moldadas de acordo com os resultados. Se a equipe vence, as escolhas do treinador são celebradas como acertadas, mas se perde, rapidamente se tornam alvo de críticas. 

Na mesma semana da entrevista de Renato, tivemos dois exemplos marcantes disso. O primeiro foi o jogo entre Fluminense e Internacional, em que o Colorado desperdiçou inúmeras chances de consolidar sua classificação para a final, permitindo ao Tricolor uma virada em apenas seis minutos. O técnico Coudet passou de herói a vilão, enquanto Diniz viu sua reputação crescer. Na outra semifinal, entre Palmeiras e Boca, Abel Ferreira escolheu começar com jogadores mais experientes e, posteriormente, introduziu jovens talentos, alterando o sistema tático no segundo tempo. O Palmeiras quase atingiu seu objetivo, mas a grande atuação do goleiro argentino evitou a vitória. Naturalmente, as escolhas de Abel foram alvo de críticas. 

Não sabemos se essas críticas são resultado de má vontade, desconhecimento ou simplesmente uma busca por aumentar o engajamento. Vamos considerar que seja pelo segundo motivo. É crucial compreender a natureza altamente imprevisível do futebol, onde a única coisa que os treinadores talvez possam controlar é a sensação de controle. Eles podem fornecer diretrizes e treinar comportamentos, mas não devem tentar controlar o imprevisível. É impossível!


A magia do futebol reside em sua imprevisibilidade, na capacidade de um único lance alterar completamente o curso do jogo, no inesperado que pode acontecer a qualquer momento. Portanto, não devemos usar os resultados para exaltar ou destruir reputações. É fundamental humanizar as opiniões, contextualizá-las com o jogo, ser justo e, acima de tudo, fundamentá-las de maneira didática.

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