David Braga*
A ansiedade no ambiente de trabalho é uma realidade crescente e seus impactos são profundos tanto para os indivíduos quanto para as organizações. Níveis elevados deste estado psicológico entre os colaboradores frequentemente resultam em uma queda na produtividade, dificultando a capacidade de concentração e execução eficiente das tarefas. A situação é tão alarmante que o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que mais de 18 milhões de brasileiros lidam com o transtorno, uma estatística corroborada pelo relatório global do World Mental Health Day 2024, que coloca a nação no topo da lista dos países com maior nível de estresse.
Os números alarmantes refletem uma realidade preocupante, na qual o transtorno vai além de prejudicar o desempenho individual, impactando de maneira significativa o clima organizacional. Um ambiente dominado pelo estresse intensifica as tensões entre colegas, criando um ciclo prejudicial que mina a moral da equipe. Esse cenário desgastante enfraquece a confiança e dificulta a colaboração – pilares indispensáveis para o sucesso coletivo. Além disso, inibe a inovação e a criatividade, elementos essenciais para a competitividade e o crescimento sustentável das organizações.
Para mitigar os efeitos da ansiedade no ambiente corporativo, é fundamental que as organizações adotem práticas proativas voltadas à saúde mental. Promover uma cultura de acolhimento e apoio, onde os colaboradores se sintam seguros para expressar suas preocupações sem receio de estigmatização, é um passo crucial. Ações como programas de assistência aos empregados, sessões de aconselhamento e workshops sobre gestão de estresse são altamente eficazes. Adicionalmente, treinamentos focados em comunicação assertiva e resolução de conflitos ajudam a prevenir mal-entendidos e a reduzir fatores geradores de ansiedade.
Entretanto, a responsabilidade pela redução da ansiedade não recai apenas sobre as empresas. Os profissionais também devem assumir o seu protagonismo nesse processo. Desenvolver habilidades de gerenciamento do tempo, como priorizar tarefas e estabelecer metas realistas, é essencial. Práticas como mindfulness, incluindo meditação e exercícios de respiração profunda, oferecem também recursos valiosos para acalmar a mente, proporcionando uma sensação de controle e clareza durante momentos de pressão.
* CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos, presente em 30 países e 50 escritórios pela Agilium Group; É Conselheiro de Administração e Professor pela Fundação Dom Cabral, Presidente da ABRH MG e Conselheiro da ACMinas e do ChildFund Brasil. Instagrams: @davidbraga | @prime.talent