Dinheiro em JogoRafa Anthony é trader de dólar há 10 anos, professor e especialista em Market Profile, uma poderosa ferramenta de análise do mercado

Sexta-feira Santa, Páscoa e Tiradentes: uma semana morna nos mercados

Publicado em 14/04/2025 às 07:57.Atualizado em 14/04/2025 às 16:22.
 (Imagem de Freepik)
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Com a semana mais curta no mercado global, graças à Sexta-Feira Santa, ganhamos um bônus por aqui com o feriado de Tiradentes colado, oferecendo aos investidores tempo extra para digerir os acontecimentos e reviravoltas da última semana.

A agenda doméstica está tão tranquila que, se ficasse mais calma, entrava em modo meditação. Só o governo tentando mostrar serviço, com o envio da proposta orçamentária de 2026. Spoiler: vem com meta de superávit. Porque prometer, afinal, não custa nada.

Argentina e a eterna reinvenção do peso

Luís Caputo, ministro da Economia da Argentina, apareceu na sexta-feira com um anúncio digno de um tango daqueles: adeus aos limites para compra de dólares. A cotação agora flutua entre 1.000 e 1.400 pesos.

O pacote também inclui a permissão para que empresas enviem dividendos ao exterior sem limites a partir de 2025, uma medida crucial para atrair novos aportes do Fundo Monetário Internacional.
A resposta inicial do mercado foi de comemoração: o ativo que acompanha ações argentinas (Global X MSCI Argentina) saltou mais de 5% no pós-mercado. Mas como sempre, o segredo está nos detalhes. Especialistas já projetam uma desvalorização potencial de até 25% do peso, o que pode reacender a inflação num país onde o custo de vida já é pra lá de dramático.

Trump, e a arte de recuar sem parecer fraco

Nos EUA, Donald Trump voltou ao centro do palco com uma decisão que surpreendeu até os veteranos de Wall Street: suspendeu as tarifas sobre eletrônicos importados da China, incluindo smartphones, computadores e servidores. As grandes empresas do setor, como Nvidia, Apple e Dell, respiraram aliviadas. Foram poupadas de tarifas que poderiam chegar a 145%.

Mas o anúncio não veio diretamente dele. Quem comunicou a decisão foi a Alfândega, enquanto Trump seguia batendo no peito em sua plataforma própria, repetindo que "ninguém está fora de risco". A resposta da China veio em tom de “diplomacia ácida”, pedindo que os EUA corrijam seus erros e retornem ao diálogo “baseado no respeito mútuo”.

Agora vem a pergunta de um milhão: será que as gigantes da tecnologia e inovação pressionaram nos bastidores? Afinal, até o protecionismo tem seus limites.

Brasil: Juros, Commodities e Ibovespa em ritmo otimista

Por aqui, o mercado segue no seu próprio ritmo. A pauta doméstica praticamente entrou em recesso. Com o Congresso esvaziado e uma agenda econômica magra, os holofotes se voltam para a entrega do Orçamento de 2026 nesta terça-feira (15/04), além dos indicadores de rotina, com baixo potencial de impacto.

No curto prazo, o Ibovespa se mostrou animado, puxado pelas rainhas das commodities: Petrobras e Vale. Os bancos ajudaram, as construtoras esboçaram reação e o Grupo Vamos, voltado para locação de caminhões, ônibus, máquinas e equipamentos, despontou, subindo mais de 12%.

Moral da história

Entre o presidente dos EUA, Donald Trump, o presidente da China, Xi Jinping, o chefe do Fed, Jerome Powell, e o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, o investidor já não faz mais contas, faz contemplação. Virou quase um filósofo estoico: respira fundo, aceita o caos e segue em frente.

E nós, como bons brasileiros, seguimos firmes, de olho no dólar, nas commodities e, claro, no churrasco de sábado. Porque se tem uma coisa que todo mundo valoriza, mais que qualquer ativo, são os feriados prolongados.

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