Chef Lu Fonseca*
Quem viveu os inesquecíveis anos 70 e 80 se recorda que a maioria dos bares e botecos tinham estufas que enchiam a boca dos seus fregueses com seus tira-gostos e comidinhas apetitosas. Elas tinham de tudo um pouco, doces e salgados. Me recordo do Bar do Senhor Eli Maia, onde as comidinhas da estufa eram feitas pela Dona Tereza, uma das melhores cozinheiras que conheci e uma referência para minha vida. Na estufa tinha mingau de milho verde, o melhor da vida, biscoito de polvilho doce, pão de queijo, carne de panela e outras comidinhas deliciosas, minha boca vira um córrego só de lembrar. Nossa, que saudades....
Com o passar dos anos, o que era comum, costumeiro, virou raridade. Eram poucos os bares que tinham estufas. Parecia que era o fim dessa preciosidade gastronômica.
A tradição das estufas deu lugar a cardápios com uma imensa variedade de opções, muitas vezes pouco atrativas, que fugiam à tradição das comidinhas reconfortantes.
O tempo passou e as memórias afetivas e gustativas ficaram guardadas no coração.
De repente, de uns anos pra cá, com a valorização da culinária afetiva, dos bares e botecos raiz, eis que ela surge novamente, linda, gostosa, grande, majestosa e repaginada!!!! Sim!!!! Ela está de volta!!! Nossa rainha dos bares e botecos raiz!!!! Aquela que nos proporciona deliciosas sensações e lembranças! A estufa!!!!!
Mas o que ela tem de especial?
Vixe!!!! A queridinha do momento é a rainha dos bares e botecos raiz, é puro sabor, comida reconfortante, que você pode pedir aos bocados, experimentar um pouquinho de cada vez, sabor de lamber os beiços. Ela nos proporciona lembranças afetivas daquela comidinha de casa de vó, bem-preparada, temperada, que vai bem com uma cerveja estupidamente gelada, com uma cachacinha, mas que, na verdade, a comida de estufa vai bem com qualquer bebida - das mais simples às mais sofisticadas.
A volta da nossa rainha também chega com inovações que a deixam ainda mais atrativa. Os petiscos e comidinhas são infinitos, permeiam por entradinhas individuais, lanches, petiscos, saladas, acepipes e muito mais.
Quem não gosta de um frango frito, daquela sobrecoxa recheada, o ovo colorido, uma conserva de berinjela, um medalhão de quiabo, uma carne de panela, aquele lambari frito com um limãozinho capeta, um bolinho de arroz, pezinho de porco, galinhada, moelinha, bolinhos dos mais variados sabores, abraçados em uma estufa que nos apresenta repaginada, moderna, iluminada que enche os olhos e nos conforta com suas lembranças e sabores, que preserva características inesquecíveis de uma época deliciosa com comidinhas de raiz....
Ei.... Psiu.... Aí vai uma dica para os donos de bares e botequeiros de plantão valorizem a dona estufa. Ela é o coração pulsante e cheio de sabor dos bares e botecos. Vida longa às nossas estufas.
* Do Bar da Lu. Abrasel Regional Vale do Jequitinhonha – Diamantina - MG