Diversidade no mercado de trabalho: pretos e pardos são maioria em bares e restaurantes

Publicado em 13/12/2024 às 06:00.

Lucas Machado*

Com 1,5 milhão de empresas em operação, o setor de alimentação fora do lar se destaca pela sua diversidade, tanto no público que atende quanto nos profissionais que emprega. Dados recentes mostram que, embora ainda existam desafios a serem superados, há um movimento crescente em prol da representatividade e da equidade racial. Iniciativas que promovem a inclusão têm ganhado força, seja por pressão dos consumidores ou pela conscientização dos empreendedores, indicando um caminho promissor para o setor.

Dados recentes levantados pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, mostram que 63% da mão de obra do setor é composta por pretos e pardos.

Há uma percepção de movimentação crescente em prol tanto da diversidade, quanto da equidade social, em uma oportunidade de transformar o setor de alimentação fora do lar em um exemplo de mudança estrutural e valorização do talento humano.

Negros em espaço de poder

Para melhorar esse quadro, a ausência de pessoas negras ou pardas precisa ser observada em todos os cenários. É isso o que ponta a autora Djamila Ribeiro, em seu livro Pequeno Manual Antirracista.

“A ausência ou a baixa incidência de pessoas negras em espaços de poder não costuma causar incômodo ou surpresas em pessoas brancas. Para desnaturalizar isso, todos devem questionar a ausência de pessoas negras em posições de gerência, autores negros em antologias, pensadores negros nas bibliografias de cursos universitários, protagonistas no audiovisual”.

Inclusive, o próprio setor de Alimentação Fora do Lar é citado como um exemplo pela autora. "Pessoas brancas, por exemplo, devem questionar por que em um restaurante, muitas vezes, as únicas pessoas negras presentes estão servindo mesas”, diz.

Desenvolvimento de talentos

Para que se construa mais estabelecimentos no setor com lideranças negras, é necessário que a mentalidade focada na diversidade venha das pontas mais altas da gestão. Caroline destaca que este é um processo cultural, no qual há a necessidade de uma prática contínua. 

“Para promover mais inclusão e equidade nos quadros de liderança, bares e restaurantes precisam começar analisando suas políticas internas. Antes mesmo de pensar em divulgar vagas específicas para pessoas negras, é essencial garantir que a empresa possua um ambiente que apoie de forma genuína a diversidade”, orienta.

A criação de uma cultura mais diversa é um fator importante para a criação de uma identificação com o público-alvo dos bares e restaurantes que, muitas vezes, possui perfis diversos.

“Promover diversidade não é só uma questão social, mas também estratégica. Negócios que investem nisso criam um ambiente mais acolhedor, se conectam melhor com seus clientes e fortalecem a imagem da marca. A inclusão precisa ser um compromisso diário, e não apenas uma resposta à pressão externa”, destaca.

* Líder da Agência de Notícias da Abrasel

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