Carolina Fadel
Maria Clara Magalhães*
Poucas coisas nos despertam maior sentimento de pertencimento do que a comida que comemos. Reconhecer sabores e aromas que nos remetem à infância, a reunião da família em torno da mesa, os gestos de amor e cuidado através de um prato preparado para agradar... Temos certeza de que essas memórias, sem esforço algum, estarão ligadas a alguma figura feminina.
A história da gastronomia é um relato de sabores, técnicas e tradições entrelaçadas com o papel vital da mulher na cozinha. Desde os primórdios da humanidade, temos sido as guardiãs dos segredos culinários, transmitindo conhecimento de geração em geração, tecendo laços afetivos em cada prato preparado.
Ao olharmos para trás, nos deparamos com as mulheres que moldaram essa história. Das cozinheiras das antigas civilizações às mulheres visionárias que desafiaram as convenções sociais para deixar sua marca nos livros de receitas, cada uma delas deixou um legado. Hoje, na cozinha profissional, nosso papel transcende as simples técnicas culinárias; imprimimos fonte inesgotável de inspiração, inovação e resiliência.
Nos tempos mais recentes, vemos o surgimento de chefs renomadas que desafiaram os estereótipos de gênero e conquistaram seu lugar nas cozinhas mais prestigiadas do mundo. Mulheres como Julia Child, que revolucionou a culinária com sua paixão e carisma, ou Alice Waters, que liderou o movimento da comida orgânica e local, inspiraram uma geração inteira de cozinheiras a seguir seus sonhos e acreditarem em seu potencial.
No entanto, apesar de nós, mulheres, liderarmos 96% das cozinhas domésticas no Brasil, lideramos apenas 7% das cozinhas profissionais mais renomadas**. Tradição e expectativas de gênero, ambiente de trabalho desafiador e discriminatório, busca de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, diferença salarial. Esses são os principais motivos que justificam e ilustram a estatística.
Faz-se urgente o reconhecimento - e mudança de padrão - pela importância da liderança feminina. Em consonância com as principais tendências de mercado, nossa gestão está ligada à busca por maior consciência social e ambiental, é mais colaborativa, transparente, inclusiva e empática.
O papel da mulher na cozinha profissional vai além das conquistas individuais. Ela traz consigo uma sensibilidade única, uma conexão profunda com os alimentos e uma habilidade incomparável de transformar ingredientes e sistemas de produção. Não é apenas uma questão de técnica, mas sim de alma, de amor e de dedicação.
Como diria D. Lucinha: “o primeiro ingrediente que se coloca na panela é o amor”. Não existe outra forma de falar do papel da mulher na cozinha sem falar dele. É nos gestos delicados ao temperar um prato, no sorriso acolhedor ao receber os comensais, na atenção aos detalhes que revelam o cuidado e o carinho depositados em cada cozinha. É na capacidade de compartilhar histórias através da comida, de reunir pessoas ao redor da mesa e de criar memórias que perdurarão para sempre.
Portanto, é passada a hora de celebrarmos o papel inspirador da mulher na cozinha profissional: que possamos honrar a todas desafiando estereótipos, buscando reconhecimento às nossas carreiras, sucesso e resultados financeiros. Cozinhar é um modo de amar os outros, sim. Mas o nosso desejo para esse dia internacional da mulher é colher os louros de um trabalho desempenhado com dedicação.
** Dados cruzados entre pesquisa de 2019 do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e o estudo de 2022 realizado pelo Chefs Pencil.
* Chefs de cozinha à frente da Matula Cozinha, consultoras de gastronomia do Sebrae MG e apresentadoras do programa Bonde da Matula, sobre gastronomia, cultura e empreendedorismo feminino.
Maria Clara Magalhães*
Poucas coisas nos despertam maior sentimento de pertencimento do que a comida que comemos. Reconhecer sabores e aromas que nos remetem à infância, a reunião da família em torno da mesa, os gestos de amor e cuidado através de um prato preparado para agradar... Temos certeza de que essas memórias, sem esforço algum, estarão ligadas a alguma figura feminina.
A história da gastronomia é um relato de sabores, técnicas e tradições entrelaçadas com o papel vital da mulher na cozinha. Desde os primórdios da humanidade, temos sido as guardiãs dos segredos culinários, transmitindo conhecimento de geração em geração, tecendo laços afetivos em cada prato preparado.
Ao olharmos para trás, nos deparamos com as mulheres que moldaram essa história. Das cozinheiras das antigas civilizações às mulheres visionárias que desafiaram as convenções sociais para deixar sua marca nos livros de receitas, cada uma delas deixou um legado. Hoje, na cozinha profissional, nosso papel transcende as simples técnicas culinárias; imprimimos fonte inesgotável de inspiração, inovação e resiliência.
Nos tempos mais recentes, vemos o surgimento de chefs renomadas que desafiaram os estereótipos de gênero e conquistaram seu lugar nas cozinhas mais prestigiadas do mundo. Mulheres como Julia Child, que revolucionou a culinária com sua paixão e carisma, ou Alice Waters, que liderou o movimento da comida orgânica e local, inspiraram uma geração inteira de cozinheiras a seguir seus sonhos e acreditarem em seu potencial.
No entanto, apesar de nós, mulheres, liderarmos 96% das cozinhas domésticas no Brasil, lideramos apenas 7% das cozinhas profissionais mais renomadas**. Tradição e expectativas de gênero, ambiente de trabalho desafiador e discriminatório, busca de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, diferença salarial. Esses são os principais motivos que justificam e ilustram a estatística.
Faz-se urgente o reconhecimento - e mudança de padrão - pela importância da liderança feminina. Em consonância com as principais tendências de mercado, nossa gestão está ligada à busca por maior consciência social e ambiental, é mais colaborativa, transparente, inclusiva e empática.
O papel da mulher na cozinha profissional vai além das conquistas individuais. Ela traz consigo uma sensibilidade única, uma conexão profunda com os alimentos e uma habilidade incomparável de transformar ingredientes e sistemas de produção. Não é apenas uma questão de técnica, mas sim de alma, de amor e de dedicação.
Como diria D. Lucinha: “o primeiro ingrediente que se coloca na panela é o amor”. Não existe outra forma de falar do papel da mulher na cozinha sem falar dele. É nos gestos delicados ao temperar um prato, no sorriso acolhedor ao receber os comensais, na atenção aos detalhes que revelam o cuidado e o carinho depositados em cada cozinha. É na capacidade de compartilhar histórias através da comida, de reunir pessoas ao redor da mesa e de criar memórias que perdurarão para sempre.
Portanto, é passada a hora de celebrarmos o papel inspirador da mulher na cozinha profissional: que possamos honrar a todas desafiando estereótipos, buscando reconhecimento às nossas carreiras, sucesso e resultados financeiros. Cozinhar é um modo de amar os outros, sim. Mas o nosso desejo para esse dia internacional da mulher é colher os louros de um trabalho desempenhado com dedicação.
** Dados cruzados entre pesquisa de 2019 do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e o estudo de 2022 realizado pelo Chefs Pencil.
* Chefs de cozinha à frente da Matula Cozinha, consultoras de gastronomia do Sebrae MG e apresentadoras do programa Bonde da Matula, sobre gastronomia, cultura e empreendedorismo feminino.