Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

A estratégia do PT nas eleições em BH

Publicado em 26/07/2024 às 06:00.

Em se tratando de disputa eleitoral, de início algumas premissas básicas para os candidatos que são decisivas para o resultado final, a saber: não superestimar seu potencial (seja devido a pesquisas eleitorais favoráveis no início da campanha, ou padrinhos políticos fortes ou vultosos recursos financeiros) e também não subestimar os adversários, por qualquer motivo que seja.

Soma-se ainda como premissas planejamento adequado, comunicação certeira, estratégica bem definida, capacidade de agregar apoios, coesão do núcleo da linha de frente da campanha e por suposto recursos financeiros adequados. Todos esses ingredientes bem azeitados são deveras representativos para influenciar o momento solitário do eleitor com a urna eletrônica no dia das eleições.

Em análise a disputa em BH que será a mais importante desde a redemocratização, tanto pela importância estratégica da capital do segundo colégio eleitoral do país, como pela forte polarização nacional e por ser esta eleição de 2024 balizadora para a presidencial de 2026. 

Não obstante o cenário ainda indefinido, pois ainda podem ocorrer desistências dentre os 9 pré-candidatos postos até o momento, a candidatura do PT se mostra consolidada. Dos três principais colégios eleitorais do país, apenas em BH o partido do presidente Lula tem um candidato na cabeça de chapa. Em SP indicou Marta Suplicy como vice de Boulos do PSOL e no RJ apoiará a reeleição de Eduardo Paes do PSD.

O nome é do deputado federal Rogério Correia, que também já foi deputado estadual e vereador em BH. Representativos desafios pela frente, a começar pela sua alta rejeição. Ele é o mais rejeitado entre os nove pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, conforme pesquisa Datatempo. De acordo com o levantamento, 19,9% dos eleitores afirmaram que não votariam no parlamentar de jeito nenhum. 

Soma-se outro grande desafio. Segundo recente pesquisa Datafolha sobre BH, 14% da população se define como de centro-direita e 28% de direita, totalizando 42%. Ademais, 23% da população se define de centro, e tem uma tendência em não votar em candidatos de extremos ideológicos.

Por outro lado, o PT tem uma sólida estrutura partidária e social em BH, além do presidente Lula com seu carisma e eleitorado cativo na cidade. Pelas entrevistas recentes do pré-candidato ficou explícita sua linha central de estratégia: polarizar com o candidato da direita, Bruno Engler, centrar fogo nele e principalmente no seu padrinho Bolsonaro, praticamente ignorando os demais candidatos.

Com uma crítica aqui e outra ali no Fuad e na atual gestão da cidade, Rogério forçará a polarização e junto ao seu partido tem uma visão clara e correta que tem que afastar qualquer possibilidade de um nome mais ao centro chegar ao segundo turno (contra eles), o que tornaria a disputa deveras difícil. Foi a mesma estratégia de Lula e Bolsonaro nas eleições de 2022, ao focarem na polarização para evitar qualquer nome da terceira via crescer e chegar no segundo turno, no que levaria vantagem e poderia vencer com boa margem de votos.

Por fim, no momento, o maior risco do PT em não vencer em BH não é Bruno Engler, e sim a consolidação e crescimento do Republicano Mauro Tramonte, nome que transita bem tanto na centro-esquerda como na centro-direita. Atual líder nas pesquisas e com baixa rejeição, caso chegue ao segundo turno é franco favorito a governar BH a partir de 2025.

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