Com a permissão para as apostas on line atuarem no país desde 2018 e prestes a ser regulamentada, o milionário mercado das bets entrou forte e de forma estratégica no futebol brasileiro. Basta ver as camisas dos principais times e as mídias nos estádios.
A estimativa de investimentos em patrocínios este ano, só na Série A do Brasileirão, gira em torno de R$550 milhões. Atualmente, 13 empresas de apostas patrocinam 18 dos 20 times da primeira divisão. Na série B, todos têm uma bet no uniforme. São 20 empresas do ramo colocando dinheiro nos clubes, fora os milhões pagos para ter os naming rights das principais competições do país.
Conforme matéria do OGlobo, vide valores por principais clubes por ano e empresa de aposta: Corinthians, 123,3 milhões (VAI DE BET); Flamengo 85 milhões (PIXBET); São Paulo 52 milhões (SUPERBET); Fluminense 52 milhões (SUPERBET); Botafogo, 27 milhões (PARI MATCH); Cruzeiro 25 milhões (BETFAIR); Bahia 19 milhões (ESPORTES DA SORTE); Atlético Mineiro 18 milhões (BETANO); Fortaleza 17,5 milhões (NOVIBET); Athletico 17 milhões (ESPORTES DA SORTE). Patrocínio secundário: Palmeiras 20 milhões (ESPORTES DA SORTE); Grêmio 23,3 milhões (ESPORTES DA SORTE); Internacional 23,3 milhões (ESTRELA BET) e Red Bull Bragantino 5 milhões (MRJACK.BET).
O expressivo valor fica evidenciado quando comparado ao período pré pandemia, quando a Caixa Econômica Federal aportou R$ 663,7 milhões em times das séries A e B, mas durante sete anos.
E por suposto este investimento milionário é justificado pelo avanço exponencial dos brasileiros que fazem apostas on-line. O portal valorinveste divulgou estudo intitulado "Raio X do Investidor Brasileiro", feito pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e pelo instituto de pesquisas Datafolha. Apenas em 2023, cerca de 22 milhões de pessoas (14% da população) afirmam terem usado uma vez, pelo menos, os aplicativos de apostas.
“A fatia só não é maior do que o grupo que investe na poupança (25%). Porém, supera a parcela da maioria dos investimentos, como CDBs (5%), criptomoedas (4%), imóveis (4%), fundos de investimento (4%), ações (2%), planos de previdência privada (2%) e títulos do Tesouro Direto (2%).
Os 14% de brasileiros apostadores se dividem em 3% que dizem usar frequentemente os aplicativos de bets (5 milhões de pessoas), 5% de vez em quando (8 milhões) e 6% raramente (10 milhões). São maiores os números de apostadores entre os investidores (16%) e entre as classes A/B (17%) e C (15%).
A geração que mais fez apostas on-line em 2023 foi a Z (de 16 a 27 anos em 2023), com 29%, seguida dos millennials ou Geração Y (28 a 42 anos em 2023), com 18%. Já os que menos usaram as "bets" foram a geração X (43 a 62 anos em 2023), com 6%, e os boomers (63 anos ou mais), com 4% de representatividade. O público masculino se destaca entre os apostadores, com aderência de 19%, uma diferença de nove pontos percentuais em comparação às mulheres (10%).
As pessoas que declararam ter apostado em 2023 indicaram as duas maiores motivações para o uso das "bets": a chance de ganhar um recurso rápido em momento de necessidade (40%) e a possibilidade de retorno alto (39%). Ainda, muitas usam as "bets" por diversão (26%), pela emoção de apostar (25%) ou por apostar pequenos valores (20%). Pasmem: dois em cada dez apostadores (22%) consideram as "bets" uma forma de investimento”.
E para reflexão: qual a razão da legalização das bets com a milionária arrecadação tributária pelo governo e não fazer o mesmo com o jogo do bicho, presente em todo o país? A quem interessa sua manutenção como mera contravenção penal, sem pagar qualquer tributo e sem ser incomodado por quem deveria coibir tal ilegalidade?
E ademais, estou também a refletir e lhe convido a também fazê-lo: no país da mega sena, da quina, etc, liberar bets e proibir cassinos, jogo do bicho e bingos não cheira hipocrisia e absoluta incoerência? Tramita no Senado há um bom tempo um PL que visa liberar o funcionamento de bingos e cassinos no Brasil e revogaria o Decreto-Lei nº 9.125, assinado em 1946 pelo então presidente da República Eurico Gaspar Dutra, que proibiu os jogos de azar. Boa reflexão a ser feita.