Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Assim como no Titanic, o Brasil afunda enquanto a orquestra continua tocando

Publicado em 17/05/2024 às 06:00.

Todos sabemos da tragédia do célebre, emblemático e luxuoso navio de passageiros Titanic na madrugada de 14 de abril de 1912, com 2.224 pessoas a bordo.

Um fato que muitos não sabem é que após o início do naufrágio, a orquestra do navio continuou tocando valsas animadas por mais de duas horas, em meio ao caos e à luta dos passageiros para salvar suas vidas. Ao fim, dos 1.517 mortos, estavam todos os músicos da orquestra.

Intrigante. Conforme a psicóloga musical Nikki Dibben, da Universidade de Sheffield, “a música pode ter um papel importante na redução da percepção de dor e na regulação do humor humano. Ela sugere que a música tocada pela orquestra a bordo do Titanic pode ter ajudado os passageiros a lidarem com o medo e a ansiedade do naufrágio. Além disso, a música também pode ter abafado os sons perturbadores das ondas e dos passageiros em pânico”.

Bem, dito isso, em relação ao mundo atual, as infindáveis, tristes e pavorosas guerras, com milhares de mortes, muito sofrimento, famílias dilaceradas e sonhos arquivados, desnudam a quantas anda a existência humana em âmbito global, num mundo absolutamente injusto e desigual, que se degrada dia a dia. O poder nas mãos de tiranos e irresponsáveis em muitos países potencializa a agonia e o sofrimento humano.

Em termos de Brasil, as coisas também não vão bem. Ou melhor, caminham de mal a pior. Talvez você pense o contrário, respeito, principalmente se você estava em viagem de alguns bons anos por outra galáxia e chegou recentemente por aqui.

Corrupção desenfreada, impunidade, polarização irresponsável, soberba, egoísmo, descompaixão, intolerância, desigualdade, pobreza, irresponsabilidade, incompetência, estão no nosso dia a dia de forma crescente e cada vez com mais força.

Estamos presenciando um absoluto desarranjo institucional entre os três poderes da república em que a harmonia e independência viraram letra morta. Uma democracia cada vez mais fajuta que, ao invés de estar a serviço dos cidadãos, atende a parte de uma inconsequente e maléfica elite política e econômica que se coloca acima do interesse público, pauta e logra êxito em seus pleitos corporativos. O poder não é entendido como um meio para melhoria da qualidade de vida dos povos, mas um fim para atender projetos pessoais, partidários e inescrupulosos.

Percebemos uma estranha sensação do salve-se quem puder. Assim como o Titanic, o Brasil afunda, com as pessoas do bem se atracando em busca dos botes salva-vidas, enquanto uns tipos singulares tocam seus instrumentos normalmente, como se nada estivesse acontecendo, pensando em ter mais poder, mais dinheiro, custe o que custar.

Friso que apenas utilizo uma figura de linguagem citando o Titanic, a orquestra e a situação do país. Naquele, a orquestra continuou tocando talvez por distração ou até mesmo para acalmar os ânimos. No caso do Brasil, os que tocam o fazem de forma premeditada, consciente, egoísta e criminosa.

Lembrando que como no Titanic, toda a orquestra morreu! E o juízo final está por vir. “O Juízo Final é o dia em que Deus irá julgar todas as pessoas por aquilo que fizeram. Nesse dia, Cristo irá punir o Diabo, seus anjos e todos os seus seguidores pelos seus pecados. Todos seremos chamados perante o Grande Tribunal para prestar contas e Deus será o Juiz”. 

Em Apocalipse 20:10, “O Diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles serão atormentados dia e noite, para todo o sempre”.

E por fim a citação de Apocalipse 20:15: “O lago de fogo é a segunda morte. Aqueles cujos nomes não foram encontrados no livro da vida foram lançados no lago de fogo”.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por