Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Muito se fala de habilidades profissionais. E pouco de educação política e cidadã!

FÁBIO CALDEIRA
fabio.silva@hojeemdia.com.br
Publicado em 21/07/2023 às 07:13.Atualizado em 21/07/2023 às 07:16.

Divido esse texto em duas partes. Primeiramente, é inegável a constatação de que o dinamismo global e o intenso desenvolvimento tecnológico impõem que as pessoas aprimorem suas competências profissionais e se adaptem ao complexo e exigente mercado de trabalho do momento e do que está por vir.

De grande valia resumo de documento do último Fórum Econômico Mundial quanto às habilidades para o trabalho do futuro. Dispõe o mesmo principalmente de três de grande relevância para o êxito no âmbito profissional.
Adaptabilidade e principais características que devemos buscar: demonstrar conforto com a incerteza; tomar decisões e desenvolver soluções sob pressão; mudar perfeitamente de seguidor a líder; abraçar oportunidades para aprender novos tópicos e aprimorar novas habilidades.

Colaboração: Influencia e é influenciado por bons dados; está disposto a mudar de mentalidade quando confrontado com novas evidências; capaz de construir relacionamentos com todos; age rapidamente para reduzir a tensão e resolver conflitos e comunica respeitosamente e ouve atentamente.

Resolução de problemas: aborda os problemas com curiosidade; estuda a situação para identificar a causa; realiza brainstorm para possíveis soluções e testa em escala pequena e analisa os resultados e continua monitorando. Todo o disposto acima é indubitavelmente de grande relevância para as pessoas e suas carreiras profissionais, para as empresas e governos, para a economia do país. Inclusive, há muito material acerca do tema, de grande necessidade para enfrentarmos os desafios contemporâneos.

Por outro lado, na segunda parte do texto, pouco se fala e quase nada de ações concretas acerca de educação cidadã e política das pessoas. Seja por parte dos governos, empresas ou entidades da sociedade civil organizada. Vemos ações isoladas, importantes, mas com impactos reduzidos.

Não se fortalece uma nação de forma sustentável, não amadurece a democracia, não aprimora o sistema de representação política sem educação cidadã ampla. Não há país com índices satisfatórios de efetividade nas políticas públicas, redução da corrupção e com boas leis sem uma população ciente dos seus direitos, deveres e obrigações.

No Brasil vivemos uma era de exigência de direitos e esquecimento dos deveres. Frágil o sentimento de pátria, de pertencimento e quase ausente o espírito coletivo, sendo que deve sobrepor aos interesses individuais.

Há falta de interesse, ou ainda pior, uma omissão proposital para manter a maioria da população distante de uma educação cidadã e política. Algo que compromete o futuro do país ao ter a maioria da população “domesticada”.

Com cidadãos mais conscientes, possibilita-se maior participação democrática, o voto passa a ser mais qualificado e a cobrança maior em relação aos governos e à disposição dos recursos suados frutos dos altos impostos que pagamos.

Habilidades profissionais e educação técnica forma mão de obra, fortalece empresas e ajuda a melhorar a economia de um país. 

Educação Cidadã e formação política formam cidadãos e uma verdadeira Nação!

Doutor em Direito pela UFMG e professor da Academia da PMMG

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