Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

O fator Mauro Tramonte nas eleições em BH

Publicado em 14/06/2024 às 06:00.

A menos de 4 meses das eleições municipais, o cenário segue indefinido na capital mineira quanto aos candidatos que realmente estarão nas urnas eletrônicas no dia 6 de outubro.

A polarização nacional e as eleições de 2026 impõem que ao contrário de outras eleições em que tivemos mais postulantes no primeiro turno, nesta a melhor estratégia são coligações por afinidades ideológicas ainda no primeiro turno, com vistas a fortalecimento prévio da grande batalha do segundo turno.

Tanto no campo da esquerda quanto no da direita teremos definições significativas oriundas de Brasília até o fim do mês, com afunilamento do quadro atual.

Enquanto isso, surfa na liderança na maioria das pesquisas o nome do jornalista e popular comunicador do programa Balanço Geral, da TV Record Minas, Mauro Tramonte, do partido Republicanos. Em seu segundo mandato como deputado estadual, é praticamente um outsider da política profissional.

A pergunta que o meio político e partidário estão fazendo é se essa liderança se sustenta a ponto de levá-lo ao segundo turno e posterior vitória ou traduzirá em um Celso Russomano de BH, aquele candidato popular na TV em SP que larga na frente nas eleições mas vai derretendo durante o período eleitoral até sucessivas derrotas.

Pela pesquisa Quaest divulgada nesta semana, Mauro Tramonte lidera a corrida pela Prefeitura de BH com 25% das intenções de voto, sendo que no eleitorado de quem ganha até dois salários mínimos tem 39%, entre os quem tem 16 a 34 anos 34% e no segmento evangélico 36%.

Na mesma pesquisa mostra seu potencial de romper a polarização entre Lula e Bolsonaro em BH, ao conquistar 27% dos que escolheram o petista no segundo turno do pleito de 2022 e 24% dos que votaram em Bolsonaro. Tramonte também é quem mais tem apoio na população que votou em branco ou nulo: 29% das intenções de voto.

Sem dúvida um candidato com grande potencial. E ao se posicionar como de centro, pode se tornar o segundo nome da esquerda para derrotar a direita e o segundo nome da direita para derrotar a esquerda. Algo que se bem explorado, pode torná-lo realmente favorito e alcançar a vitória.

Mas há um longo caminho a percorrer. De imediato e o mais importante é a direção nacional do partido confirmar sua candidatura (o que não o fez ainda, e atentemos que nem pré-lançamento teve) e viabilizá-la financeiramente. Em sequência, desafios grandes pela frente para o candidato e seu núcleo estratégico, como agregar forças políticas representativas, escolha de um vice com boa penetração na classe média e formadores de opinião, comunicação eficiente, propostas modernas e factíveis para a cidade, conquistar o eleitor por transmitir capacidade de diálogo na campanha e principalmente se eleito, capacidade de gestão e relacionamento com os governos do estado e federal em prol de soluções para os complexos problemas da cidade, como saúde, segurança, mobilidade, desenvolvimento econômico e social, etc.

Caso improvise na estratégia eleitoral com planejamento equivocado, superestimando seu potencial e subestimando os adversários, derreterá ainda no primeiro turno. E fundamental, tanto para o Tramonte como para os demais postulantes: eleição para o executivo é uma coisa, para o legislativo outra coisa. São bem diferentes, tanto no seu planejamento, como na sua organização e nas suas estratégias.

A conferir o que está por vir!

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