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Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

O legado de um brasileiro magnífico e exemplar

Publicado em 03/03/2023 às 06:00.

Estamos vivendo um momento deveras confuso e preocupante no país. Polarização, radicalismo, falta de harmonia entre os poderes, grave crise de representação política, ausência de unidade em prol de um sério projeto de nação, ausência de punição quanto a casos de corrupção, falta de efetividade das políticas públicas, sobreposição de interesses pessoais e partidários ao interesse público. Ufa! E por aí vai.

E, como consequências, pobreza, desigualdade, fragilidade das instituições, descrença com a política e uma democracia enferma que se distancia da resolução dos verdadeiros problemas e desafios da população. E o mais triste: comprometimento do futuro das próximas gerações.

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Mais que atual e um sentimento presente em boa parte da população, ao qual me incluo. Frase esta dita pelo inesquecível Rui Barbosa, em memorável discurso no Senado, em dezembro de 1914. Nunca é demais relembrar e dispor acerca dessa pessoa sensacional e referência para todos que vislumbram a política como meio para melhorar a vida da coletividade, as leis como métrica de comportamento e a liberdade como farol do progresso e protagonismo das pessoas.

Neste recém 1º de março de 2023, completou-se um século da morte (1849-1923) do jurista, jornalista e político baiano, cujos pensamentos, discursos e artigos se mostram absolutamente atuais.

Foi um dos responsáveis pela criação do Senado brasileiro, no qual teve cinco mandatos. E com indignação e repulsa total o busto que o representa nas instalações do plenário do senado foi vandalizado pelos criminosos de 8 de janeiro de 2023.

Sempre tive um apetite por biografias, e confesso que as muitas escritas que pude ler acerca de Rui Barbosa sempre me motivaram e inspiraram. Em um dos destaques seu discurso em 15 de janeiro de 1910: “Rejeito doutrinas de poder arbitrário. Abomino ditaduras de todo o tipo, militares ou científicas, coroadas ou populares. Detesto estados de sítio, suspensões de garantias, razões de Estado e leis de segurança pública”.

Sua morte em 1923 trouxe grande comoção. A Gazeta de Notícias, do Rio, trouxe a manchete “Apagou-se o sol!”. Rui Barbosa era considerado “o maior dos brasileiros”, como o Jornal do Brasil afirmou ao noticiar a morte.

Por fim, em sua Oração aos Moços, o mais autêntico pensamento de um ser humano extraordinário, intelectual primoroso, homem dotado de caráter irretocável e amante dessa pátria chamada Brasil:

“Tenho o consolo de haver dado a meu país tudo o que me estava ao alcance: a desambição, a pureza, a sinceridade, os excessos de atividade incansável, com que, desde os bancos acadêmicos, o servi, e o tenho servido até hoje.”

Utópico, com certeza, mas como seria esplendoroso e deveras alvissareiro fosse essa a mensagem da maioria (nem vou sonhar com a totalidade) dos políticos brasileiros.

Teríamos seguramente um país mais justo, mais tolerante, menos desigual, com menos corrupção e com mais coesão social.

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