Já dizia Aristóteles que “a felicidade é o sentido e o propósito da vida, o fim da existência humana”. Com o passar dos tempos, esperava-se que o desenvolvimento tecnológico proporcionaria melhoria na qualidade de vida de todos. E que após a pandemia da Covid as pessoas se tornariam mais compassivas, menos egoístas e um ambiente com mais paz e harmonia seria nossa rotina.
Hoje vemos um mundo absurdamente desigual e injusto. E um mundo mais infeliz, conforme último relatório anual do monitoramento feito pela empresa de análise e pesquisa de opinião Gallup, intitulado Relatório Global de Emoções.
O mesmo monitora sensações de raiva, tristeza, preocupação, dor física e estresse. Foi realizado em 142 países a partir de mais de 147 mil respostas de adultos, que juntos formam o Índice de Experiência Negativa.
Desde 2006, quando o Índice de Experiência Negativa começou a ser medido, estava em 24 pontos numa escala de 0 a 100. Em 2021 cresceu e chegou a 33, patamar mais alto e que se manteve no ano passado, no nível mais alto da série histórica.
Na média mundial, quatro em cada 10 adultos relataram ter experimentado muita preocupação e estresse no dia anterior à entrevista. 32% afirmaram ter sentido dor física. Além disso, 27% registraram momentos de tristeza e 23%, de raiva.
Os percentuais de preocupação, estresse e tristeza, que haviam atingido o recorde em 2021, caíram um ponto percentual.
Já o número daqueles que sentiram dor física aumentou um ponto, e o sentimento de raiva permaneceu igual.
No Brasil, foram registrados 37 na escala, índice mais próximo à média global, de 33, porém um pouco pior. Em destaque negativo os indicadores de preocupação, com 57% dos brasileiros explicitando o sentimento no dia anterior; de dor física, 42%, e estresse 41%; 28% relataram tristeza e 17%, raiva.
O instituto Gallup também realiza o Índice de Experiência Positiva, disposto em cinco perguntas: ter se sentido bem no dia anterior; ter sido tratado com respeito; ter sorrido ou rido muito; ter aprendido algo ou feito algo interessante e ter sentido que aproveitou o dia.
Uma notícia boa e relevante é que o indicador global ficou em 70 pontos, uma estabilidade em relação aos 69 de 2021. Portanto desde 2006 o índice não passa por grandes alterações, tendo variado apenas de 68 até 71 nos 11 anos de monitoramento.
O menos positivo foi o Afeganistão, com 34 pontos, seguido por Turquia, com 45. Nesse indicador, o Brasil figura acima da média mundial, com 72 pontos.
Mudar esse quadro, reduzir o Índice de Experiência Negativa e aumentar o de Experiência Positiva não é algo simples e rápido. Requer atuação firme de todos os governos, empresas e sociedade civil. Indispensável pensarmos nesta e nas próximas gerações proporcionando uma vida melhor a todos.
Não pensemos apenas em grandes ações para mudar esse cenário. Pequenos gestos ajudam a tornar melhor o nosso dia a dia. Uma palavra amiga a quem precisa, um abraço, um telefonema a um amigo (a) para saber como está, estender a mão a quem precisa, atuar em algum trabalho voluntário, sermos compassivos, tolerantes e atentos ao que se passa ao nosso redor.
Assim, daremos sentido à vida nos termos da felicidade disposta pelo sábio Aristóteles.