Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

O que esperar do segundo turno em BH e em SP

11/10/2024 às 06:00.
Atualizado em 11/10/2024 às 08:33

Passado o primeiro turno da eleições municipais em todo o país, atenção centrada na esfera política para o segundo turno onde vai ocorrer.

E por suposto foco em SP e em MG, capitais estratégicas com bons indicativos para 2026 quanto ao campo ideológico dos grupos políticos vencedores.

Não serão disputas fáceis. Cada um dos postulantes tem forças que precisam ser potencializadas e fragilidades a serem mitigadas. As respectivas estratégias serão fundamentais para determinar os vencedores.

Dois fatos em comum merecem ser ditos. A força da máquina pública. O fato de Ricardo Nunes e Fuad Noman estarem na prefeitura contribuiu sobremaneira para agregarem fortes alianças partidárias, contribuindo para um substancial tempo na propaganda eleitoral no rádio e na TV, possibilitando assim ampla divulgação de feitos e obras de suas gestões. 

E o outro fator é que estando no exercício do mandato, torna-se menos árdua a tarefa de arrecadação de recursos financeiros para a campanha e atrair lideranças políticas da cidade.

Já os dois adversários, tanto Boulos quanto Bruno Engler, aquele de esquerda e este direita, têm como premissa básica para vitória final conquistarem eleitores mais ao centro e aqueles que não se identificam com nenhum espectro, mas seguramente não são extremistas. Isso tanto em discursos, entrevistas e falas, como na organização da campanha, na conquista de novos apoiadores e nas propostas apresentadas. O que falhar nesse labor, pavimentará a derrota.

Cada um terá forças representativas. Por parte de Ricardo Nunes, além da máquina municipal, o importante apoio do governador Tarcísio, bem avaliado e com forte grupo político ao lado. De Boulos, o apoio de Lula. Em BH, da parte de Fuad, além da máquina municipal, a máquina federal por intermédio do forte PSD. E Bruno Engler, além da militância orgânica e forte em redes sociais, operadas principalmente pelo deputado Nikolas e pelo senador Cleitinho, relevante dispor que além de Bolsonaro ter ganho no segundo turno em BH de Lula (54,25% a 45,75%), o eleitorado da capital mineira é majoritariamente do campo da direita, conforme números do Datatempo, totalizando 39,8% (31,2% afirmam ser de direita; 4,1%, de centro-direita; e 4,5%, de extrema direita. 

Do lado oposto, 20,1% afirmam estar mais alinhados ao campo da esquerda (16,2% se declaram como esquerda; 2,9%, como centro-esquerda; e 1%, como extrema esquerda. Pela mesma pesquisa, os que se definem como eleitores de centro somam 6,9%, e que outros 33,1% não sabe ou não respondeu como se posiciona em relação à ideologia política, mas seguramente não são extremistas, nem de esquerda nem de direita.

Serão campanhas bem rápidas, com poucas atividades de rua, mais concentradas em entrevistas, debates, propaganda eleitoral no rádio e TV e mídias sociais. Mas de relevância também o trabalho realizado nas ruas, principalmente nos aglomerados de ambas as cidades, liderado por vereadores eleitos e principais suplentes. Neste quesito, tanto Ricardo Nunes em SP como Fuad Noman em BH estão à frente dos seus adversários!

Por fim, em análise ao novo mapa ideológico do país quanto às definições de primeiro turno, o campo do centro à direita saiu vitorioso. O PT elegeu apenas 253 prefeitos, ficando atrás, por exemplo, do PSDB (276) e do PSB (312). O PT registrou ainda um desempenho bem inferior ao dos seguintes partidos: PSD (888); MDB (865); PP (752); União Brasil (589); PL (523); e Republicanos (441).

E caso Ricardo Nunes e Bruno Engler vençam em SP e em BH, respectivamente, potencializará bem este campo político para as eleições de 2026, principalmente na composição do Congresso Nacional que tomará posse em 2027 e talvez para a disputa presidencial e para os governos de Estado. Mas nesses dois casos, outros ingredientes serão deveras importante que em outro momento analisamos aqui. 

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