Sim, com certeza, mas há alguns pressupostos a serem observados em relação aos interlocutores para não gerar dissabores, agressões verbais, mal estar ou até rompimentos nas relações entre familiares e amigos.
Primeiro ponto a ser disposto: discutir não quer dizer insultar, impor argumentos de forma agressiva ou desrespeitosa e não significa necessariamente vencer ou convencer outra (s) parte (s) a mudar de opinião ou de lado. Algumas pessoas têm em seu DNA que a vida é um constante jogo entre vencedores e vencidos, seja no mais elementar tema ou nos polêmicos como política, religião e futebol.
Segundo o portal dicio.com.br, discutir é “apresentar questões acerca de alguma coisa; analisar apresentando questionamentos; contestar; entrar em acordo sobre alguma coisa; apresentar argumentos contrários ao assunto em questão; debater.
Segunda premissa é a compreensão acerca da verdade pessoal. Todos nós temos nossas verdades e certezas acerca dos mais variados temas. Psicólogos chamam de modelo mental, ou seja, nossas concepções e crenças se formam de acordo com nossa criação, onde vivemos, nossas amizades, leituras que fazemos, etc. Isto é totalmente normal. O brutal equivoco é ter a pretensão que a “minha” verdade é a mesma dos outros, ou seja, se pensa igual a mim está certo, se não pensa está errado. Lembremos do poeta espanhol Antonio Machado, quando diz esta é “sua verdade: não a verdade”.
Assim sendo, torna-se desaconselhável discutir temas polêmicos como futebol, política e religião com os chamados “donos da verdade”.
Terceira premissa que torna os temas polêmicos aptos a discussão é se os interlocutores não estejam presos a suas respectivas bolhas. Explico. Ao estarem confortavelmente em suas bolhas, as pessoas só conversam com quem pensa igual, vêm os mesmos canais e programas de TV, pertencem a grupos de redes sociais com o mesmo pensamento hegemônico e assim recebem vasto material nos termos dos famosos algoritmos da inteligência artificial. Isto reforça a um nefasto maniqueísmo, pois estas pessoas têm como verdade irrefutável de forma exclusiva o que gira nas suas bolhas, e qualquer ponto de vista diferente é uma afronta às suas certezas.
Posto isso, as premissas acima dispostas devem ser observadas antes até do início de uma discussão, inclusive uma auto análise, de forma sincera e humilde. Dependendo, torna-se difícil, até impossível, além de perda de tempo, discutir sobre política, religião e futebol. Aí é melhor deixar pra lá, para evitar aborrecimentos, agressões verbais, rompimentos de amizades e no âmbito familiar. Estilo o dito popular: “Você me diz que 2+2=10. Você está certo, e eu, em paz”.
Especificamente dos três temas polêmicos descritos neste artigo, um estará bem em evidencia neste ano, a política, pelo advento das eleições e do clima já pesado entre os postulantes e seus apoiadores.
Discutir política em ano eleitoral, em um ambiente beligerante, com fartura de fake news, com grave crise econômica e social, com memória seletiva de apoiadores de candidatos quanto a corrupção ou má gestão pública, e com muitos insistindo fomentar a luta do bem contra o mal, não será tarefa simples.
Não obstante isto, é o destino da nação que está na ordem do dia. Não há uma receita pronta, mas ao estilo de um fica a dica, não gaste energia discutindo política com donos da verdade, com os presos em suas bolhas e com os insultadores e maniqueístas de plantão.
Com os demais, é um dever, para mediante reflexões conjuntas, repensarmos nossas verdades e certezas em prol do nosso país.